Durante a campanha Novembro Azul, o urologista Sóstenes Maciel, diretor do Instituto Pró-Homem, voltou a chamar a atenção para a necessidade de os homens procurarem assistência médica regular. Em entrevista concedida aos estúdios da Rádio Massa FM, em Campo Grande, o médico lembrou que o câncer de próstata é o segundo tipo de tumor mais frequente entre o público masculino no país, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Apesar da elevada incidência, grande parte dos diagnósticos ainda ocorre em fases avançadas, porque a doença costuma evoluir de forma silenciosa.
De acordo com o especialista, a ausência de sintomas não significa saúde garantida. O tumor, na maioria das vezes, não provoca dor nem desconforto nas etapas iniciais, o que reforça a importância de avaliações periódicas. “Muitos acreditam que estão bem pelo simples fato de não sentirem nada, mas a experiência clínica mostra o contrário”, alertou durante o programa.
A recomendação geral, segundo Maciel, é que os homens iniciem o acompanhamento urológico por volta dos 45 anos. O cuidado deve ser antecipado caso exista histórico familiar da doença, condição que eleva o risco de forma significativa. As consultas anuais permitem a realização de exames laboratoriais e físicos que podem apontar alterações precoces, aumentando as chances de tratamento bem-sucedido.
O Instituto Pró-Homem, entidade dirigida pelo urologista, oferece atendimento durante todo o ano com foco na saúde integral do homem. A instituição disponibiliza serviços médicos, nutricionais, psicológicos e fisioterapêuticos, adotando uma abordagem multidisciplinar. Para Maciel, esse formato amplia as possibilidades de diagnóstico, prevenção e reabilitação, já que fatores físicos, hormonais e emocionais atuam de maneira conjunta.
Um exemplo citado pelo médico é a disfunção erétil. O problema pode ter origem vascular, metabólica ou psicológica, exigindo uma avaliação completa que envolve diferentes profissionais. O nutricionista entra com orientações sobre peso, alimentação e controle de glicose; o psicólogo atua nos aspectos emocionais; e o fisioterapeuta contribui na reabilitação pélvica quando necessário. “Sem integrar essas frentes, fica mais difícil descobrir a causa real e elaborar um tratamento eficaz”, explicou.
Outro ponto destacado foi o papel das parceiras no incentivo à prevenção. Segundo Maciel, mulheres têm agendado consultas para maridos, companheiros, pais e irmãos, além de acompanhar esses homens aos consultórios. A presença feminina tem servido de estímulo adicional, uma vez que muitos pacientes relatam ter buscado avaliação apenas após insistência da família. O compartilhamento de resultados positivos, de acordo com o urologista, também tem motivado amigos e colegas a romperem a resistência inicial.
Quanto aos métodos diagnósticos, o diretor do Instituto Pró-Homem enfatizou que o exame de sangue é normalmente o primeiro passo. Ele permite detectar alterações em marcadores como o antígeno específico da próstata (PSA), sinal que pode indicar a necessidade de investigação complementar. O toque retal, muitas vezes visto com receio, é utilizado apenas quando existe indicação clínica clara. Maciel ressaltou que ambos os procedimentos são rápidos e seguros, além de fundamentais para um diagnóstico assertivo.
Para o urologista, o principal obstáculo continua sendo o medo de enfrentar o consultório ou descobrir uma doença. Ele argumenta que atrasar a busca por ajuda pode resultar em tratamentos mais complexos e com menor chance de sucesso. “Investir na própria vida começa com uma simples consulta”, resumiu, lembrando que a rede pública e privada dispõe de equipes capacitadas para orientar, prevenir e tratar não apenas o câncer de próstata, mas também outras condições que afetam a saúde masculina.
A mensagem final reforçada ao longo da entrevista é clara: a prevenção deve ser encarada como rotina. Consultas anuais, exames indicados e hábitos saudáveis compõem um tripé que reduz riscos e melhora a qualidade de vida. No contexto do Novembro Azul, a orientação é aproveitar a visibilidade da campanha para dar início ou continuidade à vigilância médica, mantendo a atenção durante todos os meses do ano.








