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Polícia descreve perfil frio de suspeito detido por duplo feminicídio e homicídio em Rochedo

Autoridades da Polícia Civil e da Polícia Militar detalharam, em coletiva de imprensa realizada na terça-feira (11) em Rochedo, as circunstâncias que cercam o assassinato de três pessoas encontrado na cidade no início da semana. O principal investigado é Higor Thiago Santana de Almeida, 31 anos, conhecido como “Thiago Pezão”, ex-companheiro de uma das vítimas. Ele foi preso em flagrante e, segundo a investigação, todas as provas até o momento o colocam como autor do crime.

Os corpos de Rosimeire Vieira de Oliveira, 37 anos, da mãe dela, Irailde Vieira Flores de Oliveira, 83, e do adolescente Bruno de Oliveira Gonçalves, 14, foram localizados dentro da residência da família após um incêndio. O fogo, inicialmente tratado como acidental, motivou a chegada da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. Quando as chamas foram controladas, equipes encontraram as vítimas já sem vida, todas com diversas perfurações de faca, descartando a hipótese de morte ocasionada pelo incêndio.

De acordo com o delegado Jarley Inácio de Souza, responsável pelo inquérito, a principal linha de apuração aponta que Higor não aceitava o fim do relacionamento com Rosimeire. Na casa onde ocorreu o crime, a perícia coletou peças de roupa e calçados do suspeito contendo vestígios de sangue, além da faca que teria sido usada nos ataques. Esses materiais serão submetidos a exames de confronto genético a fim de confirmar a autoria.

O delegado informou ainda que o investigado possui histórico extenso de violência doméstica. Higor já foi condenado por agressões contra outras mulheres e chegou a cumprir pena após esfaquear uma vítima 37 vezes. Segundo a polícia, apesar da gravidade, o período em regime fechado foi de cerca de dois anos. Desde então, registros apontam reincidência em crimes violentos, demonstrando escalada de brutalidade e ausência de empatia, fatores considerados indicadores de perfil psicopata, de acordo com a avaliação preliminar dos investigadores.

Conforme relatado pelas autoridades, o ataque em Rochedo transpôs o limite da violência contra a ex-companheira, alcançando também familiares que estavam na casa. A mãe de Rosimeire, de 83 anos, e o filho dela, de 14, teriam sido surpreendidos na tentativa de defender a vítima ou impedir a continuidade das agressões. A Polícia Civil avalia o caso como duplo feminicídio — devido às mortes de Rosimeire e Irailde — e homicídio qualificado, pela morte do adolescente.

Testemunhas ouvidas nos autos confirmaram que Higor mantinha comportamento ameaçador após o término do relacionamento. Informações colhidas apontam que ele teria ido ao imóvel durante a madrugada, momento em que iniciou as facadas. A sequência de golpes provocou ferimentos letais nas três vítimas. Posteriormente, o fogo teria sido ateado para ocultar vestígios e dificultar a ação policial, hipótese reforçada pela localização do foco de incêndio em pontos estratégicos, segundo laudo inicial do Corpo de Bombeiros.

Ao ser preso, Higor apresentou manchas de sangue nas roupas e não portava documentos pessoais. Após audiência de custódia, a prisão em flagrante foi convertida em preventiva, garantindo a permanência do investigado no sistema prisional enquanto durarem as diligências. A defesa do suspeito ainda não se manifestou.

A perícia criminal recolheu amostras de sangue encontradas no interior da residência, bem como o material genético presente na lâmina da faca apreendida. O exame de DNA será realizado pelo Instituto de Análises Forenses, e o resultado deverá integrar o inquérito nos próximos dias. O objetivo é estabelecer correspondência inequívoca entre o suspeito e o local do crime, além de reforçar a materialidade já apontada pelos indícios levantados.

Paralelamente, a Polícia Civil pretende revisar processos anteriores relacionados a Higor para compreender com mais precisão o padrão de conduta atribuído a ele. A análise desse histórico poderá subsidiar eventual pedido de medidas cautelares adicionais, caso os investigadores identifiquem outros episódios de violência ainda não incluídos no inquérito.

O delegado Jarley ressalta que a investigação segue sob sigilo parcial para não comprometer coletas de prova pendentes. Entretanto, adiantou que novas testemunhas serão ouvidas ao longo da semana, e relatórios periciais complementares estão previstos para os próximos dias. Concluído o laudo oficial, o Ministério Público deverá receber o processo e avaliar a denúncia por duplo feminicídio, homicídio qualificado, incêndio criminoso e outros agravantes que possam ser identificados.

Até o momento, não há previsão para liberação dos corpos, pois a equipe médica-legal realiza exames complementares para determinar, com precisão, a sequência dos ferimentos e a causa exata das mortes. A Prefeitura de Rochedo decretou luto oficial de três dias em memória das vítimas.