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Estados Unidos anunciam Operação Southern Spear para reforçar combate ao narcotráfico no Caribe e na América Latina

Washington, — O governo dos Estados Unidos oficializou nesta quinta-feira a Operação Southern Spear, iniciativa militar sob coordenação do Comando Sul (Southcom) destinada a intensificar ações contra o narcotráfico no Hemisfério Ocidental. O anúncio foi feito pelo secretário de Guerra, Pete Hegseth, que atribuiu a mobilização a uma ordem direta do presidente Donald Trump.

Objetivos declarados

De acordo com Hegseth, a missão busca proteger o território norte-americano, remover “narcoterroristas” que atuam na região e conter a entrada de entorpecentes nos Estados Unidos. Ele afirmou que Washington considera o Hemisfério Ocidental “seu próprio bairro” e, por esse motivo, decidiu ampliar a presença militar em rotas aéreas e marítimas usadas por organizações criminosas entre América do Sul, Caribe e América Central.

Estrutura de comando

A operação será conduzida pela Joint Task Force Southern Spear, em parceria com o Southcom, embora o Departamento de Defesa ainda não tenha divulgado efetivos, duração nem cronograma detalhado. O comunicado oficial limita-se a informar que a força-tarefa atuará em cooperação com unidades da Guarda Costeira, Forças Especiais e destacamentos dos Fuzileiros Navais.

Estimativas independentes sobre os meios empregados

Sem confirmação do Pentágono sobre números ou equipamentos, analistas de open-source intelligence (OSINT) compilaram dados públicos, registros de tráfego marítimo e aéreo e relatórios independentes para estimar o alcance da Southern Spear. Segundo essas projeções, a operação pode representar uma das maiores concentrações recentes de recursos militares norte-americanos no Caribe.

Entre os vetores citados pelos observadores de OSINT estão:

  • 1 porta-aviões com nove esquadrões do Carrier Air Wing 8;
  • DesRon 2, esquadrão de destróieres de escolta;
  • 44 caças F/A-18E/F Super Hornet;
  • 10 caças F-35C Lightning II;
  • 5 aeronaves EA-18G Growler para guerra eletrônica;
  • 4 aeronaves E-2D Advanced Hawkeye de alerta antecipado;
  • 19 helicópteros MH-60R/MH-60S embarcados;
  • Cerca de 140 mísseis de cruzeiro Tomahawk (TLAM) em navios vinculados ao Southcom;
  • Até 248 TLAM adicionais associados ao grupo do porta-aviões, totalizando aproximadamente 380 mísseis de longo alcance;
  • Bombardeiros B-1B Lancer, capazes de transportar até 24 mísseis de precisão cada;
  • Bombardeiros B-52H Stratofortress, com capacidade para lançar até 20 mísseis ou bombas de grande alcance;
  • Aeronaves de transporte e patrulha C-17 Globemaster, C-130 Hercules e P-8 Poseidon;
  • Drones armados MQ-9 Reaper para reconhecimento e ataques pontuais.

Os especialistas alertam que essas cifras são projeções baseadas em informações abertas e não constituem confirmação oficial do efetivo mobilizado.

Foco operacional

Segundo o comunicado do Departamento de Defesa, a Southern Spear concentrará esforços em pontos de estrangulamento logístico utilizados pelo crime organizado para movimentar drogas em direção ao mercado norte-americano. A ênfase recairá sobre patrulhas navais, interdicções aéreas e missões de vigilância direcionadas a embarcações rápidas e aeronaves de pequeno porte que cruzam as ilhas do Caribe e regiões litorâneas da América Central e do Sul.

Autoridades militares norte-americanas argumentam que o fortalecimento de operações conjuntas tem respaldo em acordos de cooperação firmados com governos locais, embora detalhes sobre participação de países parceiros não tenham sido divulgados. O Southcom destacou apenas que trabalhará “em estreita colaboração” com forças de segurança da região para interceptar carregamentos ilícitos e desmantelar redes de apoio logístico.

Contexto regional

A iniciativa amplia a presença dos Estados Unidos em um momento de crescente preocupação em Washington com o fluxo de cocaína, metanfetaminas e fentanil através de rotas latino-americanas. Relatórios recentes da Administração para o Controle de Drogas (DEA) apontam incremento na sofisticação de cartéis e aumento do uso de corredores marítimos transatlânticos, impulsionando a demanda por meios de vigilância de longo alcance.

Ainda que a operação tenha sido anunciada como medida de segurança interna, observadores regionais avaliam que a movimentação poderá ter repercussões diplomáticas, principalmente em nações que historicamente manifestam reservas sobre a presença militar norte-americana. Até o momento, porém, nenhum governo latino-americano se pronunciou oficialmente sobre a Southern Spear.

Sem previsão pública de término, a Joint Task Force Southern Spear iniciará patrulhas nas próximas semanas. Conforme o Pentágono, atualizações sobre resultados operacionais serão divulgadas periodicamente, sem antecipar relatórios sobre apreensões ou prisões. As Forças Armadas norte-americanas afirmam que a flexibilidade de cronograma é necessária para adaptar a missão às mudanças de tática do crime organizado.

Embora o tamanho exato do contingente permaneça sigiloso, autoridades reforçam que a operação foi concebida para atuação de longo prazo. A meta, declararam porta-vozes do Southcom, é “reduzir substancialmente” a quantidade de drogas que chegam aos Estados Unidos por meio das rotas centro-americanas e caribenhas, apoiando iniciativas de segurança pública dos países envolvidos.