O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) instaurou um procedimento para verificar a conduta da Guarda Civil Metropolitana (GCM) durante a manifestação realizada no sábado, 29 de junho, nas imediações da Rua 14 de Julho, em Campo Grande. A iniciativa parte do Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial (Gacep) e é coordenada pelo promotor Douglas Oldegardo Cavalheiro dos Santos.
No documento que determina a abertura da apuração, o MPMS indica que o caso se encontra em fase inicial, razão pela qual informações detalhadas serão divulgadas somente quando houver elementos consolidados. A instituição afirma acompanhar o episódio dentro de suas atribuições constitucionais e garante que a imprensa será mantida informada sempre que surgirem dados aptos a divulgação pública.
A atuação da Guarda Civil foi criticada por manifestantes e descrita como truculenta por diversos relatos nas redes sociais. Durante a operação de dispersão, uma mulher caiu após ser empurrada e um homem acabou detido. O MPMS pretende avaliar se houve excesso no uso da força, eventual abuso de autoridade ou violação de direitos previstos em lei.
Paralelamente à investigação do Ministério Público, vereadores de Campo Grande decidiram solicitar esclarecimentos formais ao Poder Executivo municipal. Na sessão de segunda-feira, 1º de julho, Luiza Ribeiro (PT) e Marquinhos Trad (PDT) protocolaram requerimentos direcionados ao secretário municipal de Segurança, Anderson Gonzaga. Os pedidos serão votados em plenário nesta terça-feira, 2 de julho, e, se aprovados, o titular da pasta deverá explicar aos parlamentares as circunstâncias que levaram à intervenção da GCM e os protocolos adotados pelos agentes envolvidos.
O protesto que desencadeou o confronto foi organizado por mães atípicas — grupo que reúne familiares de crianças com deficiência — e por motoentregadores descontentes com a administração da prefeita Adriane Lopes (PP). Aproximadamente 40 pessoas se reuniram para criticar a gestão municipal e apresentar reivindicações ligadas à assistência social, mobilidade urbana e condições de trabalho da categoria de entregadores.
Segundo participantes, o grupo caminhava pela Rua 14 de Julho em direção à Praça Ary Coelho, onde acontecia o lançamento do evento “Natal dos Sonhos”, promovido pela prefeitura. A presença de autoridades e o bloqueio parcial da via motivaram a Guarda Civil a estabelecer um cordão de isolamento. Testemunhas relatam que a confusão começou quando manifestantes tentaram aproximar-se do palco montado para o lançamento do projeto natalino.
Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram agentes da GCM empurrando manifestantes e usando spray de pimenta para dispersar o grupo. Durante a ação, uma mulher cai no asfalto após ser tocada por um guarda; na sequência, um homem é algemado e conduzido a uma viatura. O detido foi liberado horas depois, mas o episódio gerou críticas por suposto excesso de força e falta de diálogo prévio entre agentes de segurança e organizadores do ato.
A Rua 14 de Julho é uma das principais vias comerciais de Campo Grande e frequentemente recebe eventos oficiais, o que demanda planejamento de trânsito e segurança. No sábado, o trecho estava parcialmente ocupado por estrutura de som, decoração e arquibancadas montadas para o lançamento do “Natal dos Sonhos”. O protesto não tinha autorização formal para ocupar o espaço, mas os manifestantes afirmam que exerciam o direito constitucional de reunião pacífica em local público.
Com a investigação em curso, o Ministério Público poderá requisitar imagens de câmeras de segurança, relatórios de ocorrência e depoimentos de guardas e manifestantes. Caso sejam identificadas irregularidades, os envolvidos poderão responder a processos administrativos ou criminais, além de sofrer eventuais sanções disciplinares internas. O Gacep, responsável pelo controle externo da atividade policial, tem competência para propor medidas corretivas, recomendações ao poder público e, se necessário, ação judicial.
O resultado da votação na Câmara Municipal sobre a convocação do secretário Anderson Gonzaga deve definir o próximo passo na esfera legislativa. Enquanto isso, o MPMS segue reunindo informações que possam esclarecer a dinâmica dos fatos e determinar se a atuação da Guarda Civil Metropolitana esteve dentro dos parâmetros legais. Novos desdobramentos serão divulgados à medida que o órgão concluir etapas da apuração.








