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Casos de chikungunya mais que dobram em Três Lagoas e setor de Endemias reforça medidas de prevenção

Três Lagoas, no leste de Mato Grosso do Sul, registra neste ano um avanço expressivo nos casos de chikungunya. O coordenador do Setor de Endemias do município, Alcides Ferreira, informa que, de janeiro até o momento, foram confirmadas 84 ocorrências da doença, número que supera em mais de 100% os 34 registros contabilizados ao longo de todo o ano passado. O cenário acompanha a expansão regional do vírus, observada em diversas partes do país após a epidemia ocorrida no Paraguai no final de 2023, que se espalhou primeiro pelos municípios da região Sul e agora alcança o Centro-Oeste.

Embora o volume atual ainda não configure uma situação classificada como epidemia local, a Secretaria Municipal de Saúde considera o crescimento preocupante. O Aedes aegypti, vetor responsável pela transmissão da chikungunya, é o mesmo mosquito que dissemina o vírus da dengue. Dessa forma, as ações de controle realizadas para conter uma enfermidade impactam diretamente na redução da outra, tornando essencial a intensificação de campanhas voltadas ao combate de criadouros.

Alcides Ferreira destaca que o aumento dos casos exige atenção redobrada de agentes públicos e moradores. Segundo ele, a circulação do vírus em áreas próximas faz de Três Lagoas um ponto vulnerável, especialmente durante períodos de calor e chuva, quando a proliferação do mosquito se acelera. “É o mesmo vetor, portanto a eliminação de água parada ou qualquer ambiente propício à reprodução interrompe tanto a cade ia de transmissão da chikungunya quanto a da dengue”, explica o coordenador.

Entre os principais focos constatados em vistorias de campo, continuam predominando recipientes expostos ao relento, calhas entupidas e lixo acumulado em quintais. Pneus, garrafas, vasos de plantas e reservatórios destampados figuram entre os pontos mais críticos. Equipes do Setor de Endemias fazem visitas regulares a bairros com maior índice de infestação, orientam moradores sobre práticas adequadas de limpeza e, quando necessário, aplicam larvicidas para reduzir a quantidade de mosquitos.

A chikungunya é classificada como uma arbovirose de evolução, na maioria dos casos, benigna, mas pode provocar complicações prolongadas. Depois do quadro febril agudo, caracterizado por temperatura elevada, dor intensa nas articulações, cefaleia e manchas avermelhadas na pele, parte dos pacientes desenvolve sintomas persistentes, sobretudo dores articulares que podem durar meses. Por esse motivo, a gestão municipal reforça que qualquer manifestação suspeita seja comunicada à unidade de saúde mais próxima para diagnóstico e monitoramento.

A rede básica do município atua com protocolos padronizados para notificação e acompanhamento de casos. Amostras de sangue são coletadas e encaminhadas ao Laboratório Central de Saúde Pública para confirmação. Segundo a coordenação de Endemias, esse monitoramento possibilita mapear áreas com maior incidência e direcionar mutirões de limpeza, bloqueios químicos e campanhas educativas.

Para reduzir o risco de contaminação, as orientações seguem as diretrizes do Ministério da Saúde. Entre as recomendações estão manter caixas-d’água bem vedadas, eliminar qualquer recipiente que acumule água, fazer a limpeza regular de calhas, colocar areia nos pratos de plantas e descartar o lixo de maneira correta. Em áreas onde a infestação do Aedes aegypti é considerada elevada, o uso de repelentes e roupas que cubram braços e pernas também é indicado, especialmente no início da manhã e no fim da tarde, quando o mosquito costuma ser mais ativo.

Embora o esforço de controle seja permanente, a Secretaria de Saúde local avalia que os meses seguintes demandarão atenção ampliada. A proximidade do período de temperaturas mais altas pode criar um ambiente propício para a multiplicação do mosquito, reforçando a necessidade de vistoria frequente em imóveis residenciais, terrenos baldios e espaços públicos. Agentes comunitários intensificam, ainda, a distribuição de material informativo junto a escolas, postos de saúde e associações de bairro.

O Setor de Endemias ressalta que a colaboração popular permanece como principal estratégia para quebrar a cadeia de transmissão. Qualquer cidadão que identifique locais com água parada ou suspeite de infestação pode acionar as equipes da prefeitura para intervenção. A meta é impedir que o número de casos, já acima do dobro do registrado em 2024, siga avançando e provoque sobrecarga no sistema de saúde municipal.

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