O Ministério da Saúde confirmou, nesta semana, que o Brasil somou 37 casos de sarampo em 2023 após a notificação de três novas infecções no município de Primavera do Leste, no Mato Grosso. Apesar do avanço pontual, Mato Grosso do Sul segue sem registros da doença neste ano, segundo dados oficiais da pasta.
Os últimos diagnósticos elevaram de 34 para 37 o total de casos contabilizados no país. As ocorrências estão distribuídas em sete unidades da Federação: Distrito Federal (1), Rio de Janeiro (2), São Paulo (1), Rio Grande do Sul (1), Tocantins (25), Maranhão (1) e Mato Grosso (6). Desses, Tocantins concentra 67% das confirmações nacionais, enquanto os demais estados apresentam índices esporádicos.
Mesmo com a detecção de novos pacientes, o Brasil mantém o certificado de país livre do sarampo concedido pela Organização Pan-Americana da Saúde. O status permanece válido porque a maioria dos casos tem origem importada e não há evidências de circulação endêmica sustentada do vírus no território nacional. A vigilância epidemiológica, portanto, considera que os focos registrados são pontuais e relacionados a cadeias de transmissão provenientes do exterior.
A principal estratégia para evitar a reintrodução do vírus segue sendo a imunização de rotina. O Ministério da Saúde oferece a vacina tríplice viral — que protege contra sarampo, caxumba e rubéola — gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). A primeira dose é indicada aos 12 meses de idade e a segunda, conhecida como dose de reforço, deve ser aplicada aos 15 meses, com possibilidade de extensão para crianças, adolescentes e adultos até 59 anos que ainda não concluíram o esquema vacinal.
De acordo com a pasta, o país alcançou em 2022 a meta de 95% de cobertura na primeira dose para o público infantil. Entretanto, o percentual caiu para 80,43% quando considerada a segunda aplicação, índice abaixo do mínimo recomendado para garantir a proteção coletiva. Neste ano, a cobertura preliminar aponta 91,51% na primeira dose e 75,53% na segunda, números que ainda exigem esforço adicional dos municípios para alcançar o objetivo nacional.
Com foco em ampliar a adesão, diversas unidades da Federação vêm promovendo campanhas específicas. Em agosto, o Governo de Mato Grosso do Sul organizou a ação “MS Vacina Mais Sarampo”, força-tarefa que mobilizou equipes de saúde em todo o estado. A iniciativa reforçou a oferta da vacina em postos fixos e pontos itinerantes, além de intensificar a busca ativa de crianças com esquema vacinal incompleto.
Como funciona a vacinação
A vacina contra o sarampo integra o Calendário Nacional de Vacinação. O esquema preconizado prevê:
- Primeira dose aos 12 meses de vida, com a tríplice viral;
- Segunda dose aos 15 meses, com a tetra viral, que inclui proteção contra varicela;
- Doses de reforço ou complementação para pessoas de 2 a 29 anos que não tenham recebido as duas aplicações adequadas;
- Dose única para adultos entre 30 e 59 anos sem comprovação vacinal.
Gestantes, crianças menores de 6 meses e indivíduos imunodeprimidos devem consultar profissionais de saúde antes de quaisquer aplicações, pois há recomendações específicas para esses grupos.
Para receber a vacina, basta comparecer a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) portando o cartão de vacina ou, no caso de adultos, documento de identificação. O atendimento é gratuito em todo o território nacional.
Situação de Mato Grosso do Sul
Embora não tenha apresentado casos confirmados em 2023, Mato Grosso do Sul mantém a vigilância ativa nas fronteiras e reforça o monitoramento de síndrome exantemática — principal sinal clínico do sarampo — em serviços de saúde públicos e privados. Agentes comunitários e equipes de atenção primária são orientados a notificar imediatamente qualquer suspeita, garantindo investigação laboratorial rápida e bloqueio vacinal quando necessário.
A Secretaria Estadual de Saúde destaca que a ausência de notificações não elimina o risco de importação do vírus, especialmente em regiões de fronteira. Por isso, a recomendação é que a população mantenha o calendário de imunização em dia e procure os postos sempre que surgir dúvida sobre a situação vacinal. Viagens internacionais também exigem atenção: pessoas sem comprovação de doses suficientes devem receber a vacina pelo menos 15 dias antes do embarque.
Nos demais estados com casos registrados, o Ministério da Saúde segue monitorando a cadeia de transmissão e adotando ações de bloqueio. As secretarias locais intensificam a vacinação de contatos próximos aos pacientes confirmados e realizam busca ativa em comunidades onde houve exposição. A meta é interromper qualquer circulação do vírus antes que se prolongue por mais de 12 meses, limite que poderia comprometer o certificado de eliminação do sarampo.
Enquanto isso, o cenário epidemiológico favorável em Mato Grosso do Sul evidencia o impacto de campanhas de vacinação contínuas e do engajamento da população. Autoridades de saúde reforçam que a manutenção desse quadro depende da cobertura vacinal correta e da notificação imediata de sinais suspeitos, elementos fundamentais para impedir o retorno da doença ao estado e ao país.








