É com pesar que eu, como médico e presidente das Comissões de Saúde e de Enfrentamento à Covid-19, da Câmara Municipal de Campo Grande, falo sobre as 85 mortes em Mato Grosso do Sul, sendo 10 em Campo Grande, por Covid-19 (dados até 1º de julho). Já são mais de 8 mil casos confirmados em nosso estado e o que está por vir pode ser ainda mais assustador, se rapidamente não voltarmos o foco em cada um de nós. O que eu, o que você está fazendo para conter a disseminação do novo coronavírus?
É chegado o momento que a responsabilidade recai sobre cada cidadão que deixa de cumprir protocolos fundamentais de higienização e distanciamento social. A sociedade, inicialmente assustada pelas incertezas de como essa doença se propagaria em nosso estado, está vendo acontecer exatamente o que os noticiários estamparam sobre outros lugares onde a pandemia chegou primeiro. Nos recolhemos, por alguns dias, para tomarmos consciência do que era essa doença e as proporções que ela poderia alcançar. Hoje, não há dúvidas que o contágio é avassalador, que estamos na fase de transmissão comunitária da Covid-19. Andamos pelas ruas, vamos aos supermercados, saímos para trabalhar sem saber quem está ou não contaminado. É real. É grave!
Em meio ao caos, é preciso garantir a saúde e o pão de cada dia. Colocar na balança esse alinhamento custou negociações protocolares. Estabeleceram-se critérios de biossegurança para reabertura de alguns setores do comércio. Uma fexibilização que, infelizmente, não correu em via dupla. Descumpriram-se regras. Vimos exemplos, estampados em noticiários, nas redes sociais, de pessoas que vivem a pandemia como se não houvesse vírus amanhã: aglomeradas, sem preocupação com o distanciamento mínimo de 2 metros, sem máscaras. É muito grave!
Como um temporal que devasta regiões, estamos devastados pela falta de compaixão, sentimento típico dos seres humanos e que se caracteriza pela piedade e empatia em relação à tristeza do próximo. Está mais do que hora de pensar na dor das famílias que perderam seus entes queridos; no sofrimento dos profissionais de saúde que estão na linha de frente tentando salvar vidas, tentando curar os infectados; nos pesquisadores mergulhados em estudos incansáveis para trazer segurança para a minha, para a sua vida e a vida de quem tanto amamos.
É uma resposta que exige paciência. É uma “guerra” contra um inimigo invisível, mas que nós sabemos bem o que devemos fazer:
– se puder, ficar em casa;
– se tiver que sair, usar máscara;
– evitar levar mãos à boca, nariz e olhos enquanto não puder higienizá-las com água e sabão ou álcool 70%;
– manter distanciamento social, de 2 metros.
Cabe a cada um de nós uma mudança de atitude. É um exercício de consciência, um compromisso meu comigo mesmo. Urgente!
Faço um apelo a cada cidadão: seja você a mudança que você quer para o mundo. Mude hábitos para transformar o cenário em que estamos hoje. É uma batalha diária, contra nós mesmos, para não relaxarmos, e contra o outro, que ainda não se conscientizou.
Vai ser bom para a saúde coletiva, bom para a economia, bom para as nossas crianças confinadas sem poderem ir às escolas. Quanto mais rápido voltarmos a ter atitudes altruístas, mais resultados positivos iremos colher.