A onça pintada que recebeu o nome de Miranda, resgatada com as quatro patas queimadas – ontem (15) – no Pantanal de Mato Grosso do Sul, já se alimentou e continua sob monitoramento no CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande.A primeira noite dela sob cuidados veterinários foi de recuperação após ser resgatada pelo Gretap (Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal), no município de Miranda – e por isso ela recebeu o mesmo nome do local onde foi encontrada.
O animal foi sedado para a realização dos primeiros atendimentos e transporte. Já no CRAS, a onça recebeu carne e água, e esta manhã já havia se alimentado. “A Miranda foi colocada em local apropriado, com grades, pois é um animal muito agressivo. A gente tem que ver como é a recuperação dela após uma sedação. É um animal carnívoro e tem hábitos noturnos, ontem no final do dia nós oferecemos alimentação, carne, e colocamos água no recinto. Agora de manhã verificamos que ela se alimentou, comeu tudo e bebeu água também. Mas ela ainda está se recuperando da sedação, então é necessário acompanharmos se está dentro do esperado”, explicou a médica veterinária e coordenadora do CRAS, Aline Duarte.
O resgate ocorreu de forma rápida, entre às 12h50 de quarta-feira (14) e às 9h46 de quinta-feira (15), com uma força tarefa entre o Gretap e o CRAS, com o apoio do Ibama e da PMA (Polícia Militar Ambiental).
“Nós recebemos a informação de que alguns trabalhadores rurais avistaram a onça, mancando. Ela foi monitorada pelo Ibama e nós fizemos o resgate. O animal foi encontrado dentro de uma manilha. E em menos de 24 horas após sermos acionados, ela já estava no veículo para ser trazida a Campo Grande”, disse a médica veterinária e coordenadora operacional do Gretap, Paula Helena Santa Rita.
O tratamento das queimaduras será feito à base de ozônio e pomadas específicas, mas Miranda também vai passar por uma série de exames laboratoriais e de imagem, o que exige um manejo específico para não estressar o animal. No CRAS todos os cuidados são realizados para garantir que a onça pintada, um animal silvestre e selvagem, se recupere e volte para a natureza o mais rápido possível.
“É um animal agressivo, toda vez que a gente vai fazer um manejo com ela, é necessário fazer uma sedação por uma questão de segurança dela e nossa também, da equipe. Está previsto nesse final de semana a gente fazer todo o manejo necessário para verificar como ela está de saúde, ter uma visão mais ampla. Porque é um animal vítima de queimada, às vezes pode ter inalado fumaça, pode ter algum problema no pulmão. Nós vamos fazer esses exames para verificar a situação, do quadro geral dela. Então, está previsto a gente fazer ozônio nas patas, um novo curativo e também exames de sangue”, explicou Aline.
O check-up veterinário também prevê alguns exames específicos para doenças de felinos, raios-x e ultrassom. “A gente vai fazer um check-up geral nesse animal. Só estamos aguardando um período, porque não pode sedar todo dia o animal, então a gente precisa esperar ela se recuperar de uma sedação para depois a fazer outra. Esse momento é de observação e investigação, se há mais alguma outra lesão ou algum outro estado de saúde que exija um tratamento mais específico”, disse a médica veterinária do CRAS.
Outros atendimentos
Além da onça pintada, uma fêmea de aproximadamente dois anos de idade, o CRAS também atende um filhote de veado e monitora um filhote de anta, que está Bonito.
“O filhote de veado chegou com queimaduras, mas é um órfão do fogo como a gente diz, porque ele foi achado sozinho numa área onde tinha acontecido um incêndio. O animal está bem, ele vai ter que ficar aqui até a fase adulta e ter a capacidade para ser solto. E a anta, que também é filhote, continua em tratamento em Bonito. A gente está acompanhando de longe, fornecendo medicamentos e dando um suporte”, disse Aline Duarte.
O filhote de veado-catingueiro foi resgatado durante incêndio florestal na Aldeia Alves de Barros, entre Bodoquena e Bonito, em boas condições de saúde e sem lesões, mas por ser filhote precisa de cuidados. A filhote de anta, foi entregue no dia 3 de agosto, por um proprietário rural. Com ferimentos nas patas ela foi levada para o RARAS (Recinto de Amparo e Reabilitação de Animais Silvestres), em Bonito, onde se recupera.
Situação dos incêndios
Os resgates dos três animais – a onça pintada Miranda e os filhos de veado e anta – ocorreram durante a Operação Pantanal 2024 que completa 137 dias, que envolve também o combate aos focos de incêndios florestais – um deles é fora do bioma, na região de Naviraí, próximo à divisa do Paraná.
Nesta sexta-feira (16), o CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul), com o apoio das demais forças envolvidas, atua para controlar e extinguir onze focos de incêndios ativos na região do Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari – próximo aos municípios de Costa Rica e Alcinópolis –, na divisa com o Mato Grosso, em Miranda – próximo ao Salobra –, Serra do Amolar, Paiaguás, Passo da Lontra – na Estrada Parque –, Forte Coimbra, Nabileque e nas proximidades da comunidade indígena Kadiwéu.
As equipes de combate permanecem mobilizadas para combater e monitorar, e ainda evitar a expansão dos incêndios. Além das áreas onde as operações estão em andamento, é feito monitoramento contínuo nas proximidades do Porto da Manga.