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Plantio do milho de verão atinge 42,8% no país e eleva preços em Mato Grosso do Sul

O avanço do plantio do milho de primeira safra no Brasil alcançou 42,8% da área estimada até sábado, segundo levantamento de mercado. O resultado, superior ao registrado na semana anterior, reflete o ritmo de semeadura nas principais regiões produtoras e influencia diretamente a formação de preço em praças específicas de Mato Grosso do Sul, onde a janela para o cultivo de verão é mais curta.

No estado sul-matogrossense, as cotações apresentaram reação positiva diante da combinação de oferta limitada, custos logísticos e expectativa de demanda. Em São Gabriel do Oeste, a saca de 60 quilos encerrou a semana a R$ 51,86, variação de 1% sobre o período anterior. Chapadão do Sul registrou R$ 51,53, avanço de 0,86%, enquanto Maracaju apurou R$ 54,62, alta aproximada de 1%. Em Dourados, referência regional fornecida por corretora local, a saca atingiu R$ 56, mantendo o maior valor apurado no estado.

A sustentação dos preços ocorre mesmo diante de estoques reforçados pela produtividade obtida na segunda safra concluída recentemente. A colheita desse ciclo, favorecida por clima regular em grande parte das lavouras, ampliou o volume disponível nos armazéns e proporciona margem de segurança às indústrias consumidoras. Ainda assim, produtores demonstram cautela ao negociar lotes remanescentes, avaliando com atenção variáveis como câmbio, custo de frete e comportamento da demanda interna antes de ampliar a oferta ao mercado.

De acordo com agentes de comercialização, o atual cenário impõe ajustes pontuais por praça e qualidade do grão. Parcelas de milho com melhor padrão físico recebem prêmios regionais, sobretudo nas proximidades de polos consumidores de proteína animal. Já produtores interessados em travar contratos a prazo observam a equivalência de preços com fábricas de ração e unidades integradas ao cluster de aves e suínos que se estende pelo sul do estado e por municípios vizinhos de Mato Grosso e Paraná.

O frete segue como elemento determinante na formação das cotações. A proximidade entre originação e destino do milho tem potencializado a remuneração de quem dispõe de produto nas regiões centrais de Mato Grosso do Sul, onde a logística rodoviária oferece menor percurso até esmagadoras, granjas e fábricas de insumos. Por outro lado, áreas mais distantes de eixos industriais enfrentam valorizações menores, pois compradores buscam equilibrar o preço pago com o custo de transporte.

O produtor local também monitora a trajetória do dólar, fator que influencia tanto a paridade de exportação quanto o preço do adubo importado utilizado na próxima safra. Movimentos bruscos na taxa de câmbio podem modificar a competitividade do milho brasileiro no exterior e, por consequência, interferir nas decisões de venda do cereal disponível.

Outro ponto de atenção é o consumo doméstico. O setor de carnes, principal comprador do milho para ração, avalia a demanda no final do ano, período em que o consumo de proteínas tende a crescer. Esse comportamento pode sustentar aquisições adicionais e manter suporte às cotações internas, sobretudo nos lotes de melhor qualidade que atendem especificações industriais mais rígidas.

Apesar da elevação pontual de preços, a liquidez permanece restrita. Negócios são realizados em volumes menores, suficientes para liberar espaço nos armazéns e equilibrar fluxo de caixa das propriedades, mas sem comprometer estoques estratégicos. Operadores observam que o ritmo de comercialização poderá ganhar fôlego à medida que o plantio de verão avance e se consolidem as primeiras estimativas de produtividade para o ciclo 2023/24.

No quadro nacional, estados do Centro-Sul lideram a semeadura da primeira safra, impulsionados por janelas climáticas favoráveis e disponibilidade de áreas que saíram antecipadamente da colheita de inverno. A evolução para 42,8% representa incremento consistente em comparação ao ano anterior, quando chuvas irregulares retardaram o início dos trabalhos em diversas regiões.

Enquanto isso, consultorias e entidades de classe acompanham o custo de produção para a próxima safrinha, que responde pela maior parcela da oferta brasileira. Preços de insumos, taxas de financiamento e logística de exportação são fatores que poderão redefinir o planejamento do produtor nos próximos meses e, consequentemente, influenciar o comportamento do mercado futuro.

Até lá, a tendência observada em Mato Grosso do Sul aponta para continuidade de ajustes finos nas cotações, com valorização concentrada em grãos de maior padrão, negociação seletiva e atenção permanente aos fundamentos que determinam oferta, demanda e competitividade do milho no mercado interno.

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