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Produtores de Mato Grosso do Sul intensificam preparativos para plantar 31 mil hectares de algodão

Com a aproximação do término do vazio sanitário do algodão em Mato Grosso do Sul, agricultores aceleram os ajustes finais para iniciar a semeadura da safra 2025. A Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) confirmou que o plantio estará liberado em todo o estado até 30 de novembro, respeitando o cronograma dividido por regiões.

Dados da Iagro indicam que, para o próximo ciclo agrícola, há 31 mil hectares de algodão cadastrados, distribuídos em 38 propriedades situadas em dez municípios sul-matogrossenses. A fiscalização já alcançou 89,5% dessas áreas, porcentual considerado essencial para garantir o cumprimento das exigências fitossanitárias estabelecidas no Programa Nacional de Controle do Bicudo do Algodoeiro.

Calendário de liberação por regiões

Mato Grosso do Sul foi dividido em três regiões para organizar a retomada do plantio após o vazio sanitário. Na Região III, que engloba Dourados, Naviraí, Ponta Porã e Nova Andradina, a semeadura precisa ser concluída até 31 de dezembro. Já na Região II, composta por 33 municípios, o plantio poderá começar em 15 de novembro, data que marca o fim do período de interdição fitossanitária local. Por fim, na Região I, formada por 23 municípios, a liberação ocorrerá em 30 de novembro.

Os prazos para encerramento da semeadura também variam. Nas regiões I e II, a janela se estende até 31 de janeiro de 2026, permitindo aos produtores um período maior para ajustar o calendário agrícola às condições de solo e clima.

Objetivo do vazio sanitário

Durante o vazio sanitário, o cultivo de algodão é proibido, e todos os produtores são obrigados a eliminar plantas voluntárias ou rebrotas que possam servir de abrigo ao bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis Boheman), principal praga da cultura. Essa pausa é considerada essencial para interromper o ciclo reprodutivo do inseto e assegurar lavouras mais saudáveis na safra seguinte. A medida segue orientações do Programa Nacional de Controle do Bicudo do Algodoeiro, que estabelece procedimentos uniformes em todas as regiões produtoras do país.

Cadastro e manejo obrigatório

Os produtores devem protocolar eletronicamente o cadastro das áreas semeadas junto à Iagro em até 30 dias após o encerramento do calendário de plantio. O sistema estadual exige informações detalhadas sobre localização, tamanho das lavouras e práticas de manejo previstas. Entre as exigências está a adoção do Manejo Integrado de Pragas (MIP), que combina monitoramento sistemático, controle biológico e uso criterioso de defensivos agrícolas.

Além disso, o agricultor precisa emitir o Certificado de Destruição de Soqueira ao final do ciclo produtivo. Esse documento comprova que os restos culturais foram eliminados corretamente, reduzindo a sobrevivência do bicudo. A certificação é requisito para solicitação de incentivos fiscais concedidos pelo governo estadual ao setor algodoeiro.

Normas e penalidades

A fiscalização da Iagro ocorre de forma contínua e pode ser realizada a qualquer momento durante o ano agrícola. O não cumprimento das normas previstas na Resolução Conjunta Semadesc/Iagro nº 001, de 2 de julho de 2024, pode resultar em penalidades como multas, suspensão de benefícios fiscais e outras sanções administrativas. Entre as infrações mais graves está o plantio fora do calendário oficial ou a presença de soqueira em período proibido.

Panorama da cultura no estado

Mato Grosso do Sul mantém áreas de algodão concentradas especialmente na região sul do estado, onde condições de solo e clima favorecem a cultura. A expectativa para a safra 2025 é de manutenção da produtividade média e expansão pontual em municípios que registraram bom desempenho nas últimas colheitas. O registro de 31 mil hectares aponta estabilidade em comparação ao ciclo anterior, consolidando o estado como um dos polos emergentes do algodão brasileiro.

Com a liberação do plantio prevista para ocorrer em etapas ao longo de novembro, os produtores direcionam investimentos para sementes de alto potencial genético, equipamentos de aplicação de defensivos mais precisos e treinamentos de equipe em técnicas de manejo integrado. A estratégia, segundo especialistas do setor, pretende reduzir o impacto de pragas e doenças, aumentar a qualidade da fibra e melhorar a competitividade do algodão sul-matogrossense no mercado interno e externo.

Enquanto o calendário avança, a Iagro reforça que continuará monitorando as áreas cadastradas, orientando agricultores sobre boas práticas e adotando procedimentos para garantir a conformidade fitossanitária. Dessa forma, o estado busca repetir na safra 2025 os indicadores de sanidade e produtividade alcançados em safras anteriores, mantendo a cultura do algodão como importante componente do agronegócio local.