Capitão Contar está de volta ao Partido Liberal (PL) com a missão de concorrer ao Senado por Mato Grosso do Sul nas eleições de 2026. O anúncio foi feito nesta quarta-feira, 12, pelo presidente nacional da legenda, Valdemar da Costa Neto, e redefiniu o cenário partidário no Estado.
A recondução do ex-deputado estadual ao quadro do PL ocorre pouco mais de dois meses depois de o ex-governador Reinaldo Azambuja ter assumido a presidência do diretório sul-mato-grossense da sigla. Azambuja deixou o PSDB, partido ao qual esteve filiado por décadas, e ingressou no PL já com a intenção declarada de disputar a mesma vaga ao Senado. Com a entrada oficial de Contar na corrida, o partido passa a ter duas pré-candidaturas de peso para um único posto, abrindo um processo de acomodação interna que deve dominar as negociações locais até o registro das chapas.
Quem é Capitão Contar
Contar alcançou projeção estadual em 2018 ao ser eleito deputado com a maior votação da história da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul. Em 2022, disputou o governo estadual, avançou ao segundo turno e foi derrotado por Eduardo Riedel. Esses números foram citados por Valdemar da Costa Neto como justificativa para o retorno do militar da reserva ao PL. Segundo o dirigente, o desempenho eleitoral do pré-candidato fortalece o plano nacional de ampliar a bancada liberal no Senado.
O apoio declarado de Valdemar veio acompanhado de menção ao ex-presidente Jair Bolsonaro, apresentado no comunicado como avalista da pré-candidatura. A referência reforça a tentativa da executiva nacional de projetar Contar além do contexto regional e de alinhá-lo a uma estratégia de bancada mais ampla para 2026.
Interesses conflitantes
Do ponto de vista estadual, o anúncio cria um impasse para Azambuja. Ao assumir o diretório do PL em Mato Grosso do Sul, o ex-governador pretendia construir a própria candidatura, amparado no capital político acumulado ao longo de dois mandatos no Executivo estadual. A chegada de Contar, já credenciado pela cúpula nacional, coloca em xeque essa trajetória planejada e abre espaço para disputas internas que podem influenciar a montagem de alianças majoritárias.
Dirigentes locais, prefeitos e deputados da sigla terão de conciliar lealdades regionais e orientações do comando central. Caso o partido não chegue a um consenso até as convenções, existe a possibilidade de encaminhar pesquisas internas ou mesmo abrir espaço para que um dos postulantes migre para outra composição, hipótese ainda não ventilada publicamente por nenhuma das alas.
Repercussão imediata
Embora o PL ainda não tenha fixado calendário de reuniões para definir a chapa majoritária, o clima de disputa foi perceptível logo após a divulgação. Lideranças ligadas a Azambuja avaliaram o movimento como um “teste de força” da direção nacional, enquanto aliados de Contar classificaram o retorno como um “reconhecimento ao desempenho nas urnas”. Nos bastidores, correligionários destacam que o partido busca maximizar o tempo de exposição dos dois nomes até que as pesquisas indiquem qual pré-candidato reúne maior viabilidade eleitoral.
Papel da executiva nacional
Para além do contexto sul-mato-grossense, a candidatura de Contar se alinha à estratégia do PL de aumentar sua representação no Senado, que terá em 2026 a renovação de um terço das cadeiras. Ao garantir apoio formal a um nome com histórico de votação expressiva, Valdemar da Costa Neto sinaliza que a direção pretende interferir diretamente em estados considerados estratégicos, mesmo quando isso represente atrito com líderes regionais.
O caso de Mato Grosso do Sul se soma a disputas semelhantes observadas em outras unidades da Federação, onde o comando nacional busca maior protagonismo na definição de chapas. A tendência, segundo integrantes do partido, é que essas disputas internas sejam resolvidas até o primeiro semestre de 2025, prazo considerado necessário para a consolidação de alianças e para a definição de coligações proporcionais.
Próximos passos
Até que o PL oficialize sua decisão, Contar e Azambuja deverão percorrer o Estado para reforçar bases municipais e conquistar apoios de vereadores, prefeitos e lideranças do agronegócio, setor influente no eleitorado sul-mato-grossense. Paralelamente, ambos pretendem intensificar presença nas redes sociais e em eventos partidários, estratégia considerada essencial diante de restrições orçamentárias impostas pela legislação eleitoral.
O calendário interno prevê que, após as eleições municipais de 2024, o partido volte a discutir o formato das chapas majoritárias. Caso não se alcance consenso, a executiva nacional pode convocar encontros ampliados para arbitrar a escolha. Em última instância, existe a possibilidade de um dos pré-candidatos disputar outra posição, como a Câmara dos Deputados, mas nenhuma das partes manifestou abertura para essa alternativa até o momento.
Enquanto a decisão não chega, a corrida pelo Senado em Mato Grosso do Sul ganha contornos antecipados. O embate interno entre Capitão Contar e Reinaldo Azambuja passa a influenciar negociações com outras siglas e pode definir, inclusive, a composição de palanques para a disputa presidencial de 2026.







