A Polícia Militar Ambiental de Mato Grosso do Sul (PMA) finalizou um curso de capacitação e nivelamento destinado a 56 policiais, com foco na atualização de técnicas de fiscalização e proteção de recursos naturais em todo o Estado. A instrução, com duração total de 45 dias, dedicou 15 dias às atividades em área pantaneira, oferecendo aos participantes contato direto com um dos biomas de maior biodiversidade do planeta.
O treinamento foi organizado pela 3ª Companhia do 2º Batalhão de Polícia Militar Ambiental, sediada em Três Lagoas, unidade responsável pela fiscalização de toda a costa leste sul-mato-grossense. A companhia cobre os municípios de Aparecida do Taboado, Selvíria, Paranaíba e Três Lagoas, além de patrulhar trechos dos rios Sucuriú, Paraná e Verde, regiões consideradas estratégicas para a prevenção de delitos ambientais.
Durante o curso, policiais de Mato Grosso do Sul atuaram ao lado de colegas vindos do Acre e de Mato Grosso, o que possibilitou intercâmbio de experiências e padronização de procedimentos entre diferentes corporações estaduais. Segundo a PMA, a presença de militares de outras unidades federativas amplia a capacidade de resposta conjunta a crimes que ultrapassam fronteiras administrativas, como pesca predatória, desmatamento e tráfico de fauna.
A programação combinou módulos teóricos, provas escritas e instruções práticas. Em sala de aula, os participantes revisaram legislação ambiental, protocolos de abordagem, técnicas de mapeamento e procedimentos de coleta de vestígios. Já em campo, realizaram exercícios de sobrevivência em ambiente natural, simulações de confronto embarcado, transposição de obstáculos em rios e áreas alagadas e operações de patrulhamento aéreo.
Para simular condições reais de serviço, as atividades práticas ocorreram em território inserido na bacia do rio Paraguai, considerada uma das regiões mais desafiadoras para o policiamento ambiental. O terreno alagadiço, aliado à grande diversidade de fauna silvestre, ofereceu cenários de treinamento que exigiram dos policiais adaptação rápida, navegação por canais estreitos e aplicação de técnicas de resgate em locais de difícil acesso.
De acordo com a corporação, o cronograma de sobrevivência incluiu construção de abrigos, obtenção de água potável, orientação por bússola e identificação de alimentos seguros em meio à vegetação nativa. Essas habilidades são consideradas essenciais para equipes que atuam em missões prolongadas, distantes de centros urbanos ou de bases de apoio logístico.
O comandante da 3ª Companhia, tenente Lauro Santana, avaliou que a capacitação reforça o preparo do efetivo para oferecer um serviço mais eficiente à população. Para ele, o contato direto com o Pantanal favorece a compreensão das especificidades do bioma e a necessidade de práticas de fiscalização alinhadas às características locais, como os ciclos de cheia e vazante, que alteram rotas de patrulhamento e padrões de fauna.
A PMA informou que o curso também abordou a necessidade de integração com órgãos de fiscalização ambiental federal, estadual e municipal. Foram discutidos protocolos de comunicação, compartilhamento de dados e planejamento de operações conjuntas, com ênfase na atuação preventiva e na educação ambiental como complemento às ações de policiamento ostensivo.
A 3ª Companhia dispõe de patrulhas terrestres, fluviais e, eventualmente, aéreas, dependendo da operação. Nos rios Sucuriú, Paraná e Verde, o monitoramento é feito por meio de embarcações equipadas com sistemas de georreferenciamento que auxiliam na identificação de pontos de pesca proibida, áreas de desmatamento e locais de soltura irregular de resíduos.
Além do patrulhamento, a unidade realiza campanhas educativas em escolas e comunidades ribeirinhas para difundir informações sobre legislação ambiental, períodos de defeso e formas de denunciar infrações. Segundo a corporação, essas ações buscam reduzir a incidência de crimes ambientais antes que ocorram, promovendo o uso sustentável dos recursos naturais da região.
Com a conclusão do curso, os 56 policiais retornam às bases de origem aptos a aplicar as técnicas aprimoradas e multiplicar o conhecimento adquirido entre demais integrantes da PMA. A corporação considera que o investimento em capacitação contínua é fundamental para enfrentar desafios crescentes, como pressão por expansão agrícola, exploração ilegal de madeira e mudanças climáticas que ampliam a vulnerabilidade dos ecossistemas.








