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Seminário em Três Lagoas discute novos desafios e tecnologias para agentes de saúde e de endemias

Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Agentes de Combate às Endemias (ACE) de diferentes regiões do país se reuniram em Três Lagoas na quarta-feira, 12, para o 1º Seminário de ACS e ACE. O encontro, realizado no anfiteatro Dercir Pedro de Oliveira, no Campus II da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), teve como tema “Ampliando o conhecimento sobre as novas perspectivas e desafios diante das políticas públicas e suas tecnologias”.

Ao longo de todo o dia, dezenas de profissionais participaram de palestras, mesas de debate e atividades práticas voltadas ao aprimoramento das rotinas de trabalho. Especialistas convidados abordaram, entre outros tópicos, o novo modelo de financiamento da Atenção Básica, processos de territorialização da saúde, estratégias de prevenção de doenças e mecanismos de valorização dos agentes que atuam diretamente nas visitas domiciliares e no controle de focos de endemias.

No município, a categoria é representada pela Associação Três-Lagoense dos Agentes Comunitários de Saúde e de Endemias. A presidente da entidade, Aparecida da Silva Salviano, informou que Três Lagoas conta atualmente com cerca de 200 agentes comunitários de saúde e 110 agentes de combate às endemias. Segundo ela, o seminário foi planejado para oferecer um espaço de qualificação contínua e de reconhecimento ao papel essencial desses profissionais na prevenção de doenças e no acompanhamento das famílias.

Entre os convidados estavam professores universitários, especialistas em saúde pública, advogados com atuação na área trabalhista e representantes sindicais. A assessora jurídica nacional dos ACS e ACE, Elaine Alves de Almeida, destacou durante sua exposição a relevância da união da categoria para a conquista de direitos e a necessidade constante de atualização profissional frente às mudanças nas políticas públicas.

A programação também incluiu a apresentação de experiências de diferentes realidades brasileiras. A agente comunitária Rhana Patrícia, que atua em Xinguara, no sudeste do Pará, compartilhou detalhes de um sistema digital desenvolvido para atender populações residentes em áreas ribeirinhas e comunidades de difícil acesso. O recurso, segundo ela, simplifica o registro de visitas, facilita o acompanhamento de indicadores de saúde e permite a transmissão de dados mesmo em zonas com conectividade limitada.

Para os participantes, o intercâmbio de metodologias de trabalho foi um dos pontos altos do evento. Em mesas redondas, agentes relataram dificuldades encontradas em campo, como barreiras geográficas, déficit de infraestrutura e necessidade de atualização de equipamentos. Também foram discutidas estratégias de articulação com equipes multiprofissionais, visando ampliar a cobertura de serviços básicos e fortalecer a prevenção de agravos, especialmente em contextos de vulnerabilidade social.

Especialistas em planejamento de saúde detalharam as mudanças no modelo de financiamento da Atenção Básica, que passou a utilizar indicadores de desempenho e captação ponderada para definir recursos destinados aos municípios. Conforme explicaram, a medida exige maior precisão na coleta de dados por parte dos ACS e ACE, reforçando a importância de capacitação em ferramentas digitais e no uso de sistemas de informação do Ministério da Saúde.

Outro ponto debatido ao longo do seminário foi o conceito de territorialização, processo que define áreas de atuação para cada equipe de saúde visando otimizar tempo e recursos. Técnicos apresentaram mapas interativos e aplicativos de georreferenciamento capazes de orientar o trabalho de campo, identificar grupos de risco e monitorar surtos de doenças endêmicas. Segundo os organizadores, a difusão dessas tecnologias pode contribuir para acelerar a resposta a emergências e reduzir o número de visitas repetidas desnecessárias.

Além das palestras técnicas, o evento reservou espaço para discutir segurança no trabalho e saúde do trabalhador. Profissionais relataram situações de exposição a agentes biológicos, clima extremo e violência em determinadas comunidades. Representantes sindicais reforçaram a necessidade de fornecimento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados e de protocolos claros para atuação em áreas consideradas de risco.

Ao final do seminário, os organizadores destacaram que o principal objetivo—fortalecer e valorizar o trabalho dos agentes—foi cumprido, fornecendo informações atualizadas sobre diretrizes nacionais, novas tecnologias e práticas bem-sucedidas. A expectativa é que os conteúdos debatidos sejam multiplicados nos territórios onde cada profissional atua, contribuindo para qualificar o atendimento à população e apoiar o Sistema Único de Saúde (SUS) no enfrentamento de doenças transmissíveis e na promoção da saúde.