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Polícia apreende 257 kg de cabelo humano em veículo na MS-164

Uma ação de rotina do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) resultou na apreensão de 257 quilos de cabelo humano na manhã de domingo, 30, em Ponta Porã, município localizado na região de fronteira com o Paraguai, no sudoeste de Mato Grosso do Sul. O produto estava acondicionado em sacolas plásticas dentro de um Volkswagen T-Cross conduzido por um homem de 48 anos, abordado durante um bloqueio policial na rodovia MS-164.

De acordo com informações oficiais, a equipe do DOF realizava patrulhamento ostensivo na zona rural do município quando decidiu parar o utilitário esportivo para verificação de rotina. Durante a conferência dos documentos e a inspeção visual do compartimento de carga, os policiais notaram diversos volumes plásticos ocupando quase todo o porta-malas e parte do banco traseiro. Ao abrir as sacolas, foi constatado que o conteúdo consistia exclusivamente em mechas de cabelo humano, separadas por cor e tamanho.

Questionado no local sobre a natureza do material e a origem da carga, o motorista declarou ter recebido os sacos em um endereço de Ponta Porã e que pretendia transportá-los até Dourados, cidade a cerca de 120 quilômetros de distância. Segundo a versão apresentada, ele receberia R$ 1 mil pelo serviço de frete. O condutor afirmou não possuir nota fiscal nem autorização sanitária ou alfandegária para o transporte da mercadoria, requisitos exigidos para esse tipo de produto, frequentemente utilizado em confecção de perucas e extensões capilares.

Em razão da ausência de documentação comprobatória, os agentes do DOF deram voz de apreensão ao material e encaminharam veículo e motorista à Delegacia da Polícia Federal em Ponta Porã. O registro inicial de ocorrência aponta que o carregamento possui valor de mercado estimado em pouco mais de R$ 2,5 milhões, cálculo baseado no preço médio da matéria-prima em transações nacionais e internacionais.

O transporte de cabelo humano chama a atenção das autoridades por envolver uma cadeia logística que, frequentemente, cruza fronteiras e demanda cuidados sanitários específicos. A legislação brasileira prevê fiscalização da Receita Federal, da Polícia Federal e de agências de vigilância sanitária, pois o material, antes de ser comercializado, necessita de certificação quanto à procedência e às condições de higienização. Em operações anteriores, órgãos de segurança já registraram tentativas de entrada irregular desse tipo de mercadoria pela faixa de fronteira sul-matogrossense, normalmente oculta em bagagens ou em compartimentos adaptados de veículos.

Na ocorrência de domingo, não foram identificados indícios de outros ilícitos, como contrabando de drogas ou armas, mas a quantidade e o valor declarados do produto levantaram suspeitas de participação de um grupo especializado no comércio clandestino de insumos estéticos. A investigação sobre possíveis responsáveis pela coleta do cabelo, distribuição e financiamento da operação ficará sob a atribuição da Polícia Federal, que deverá adotar procedimentos de perícia, identificação de rotas e eventual cooperação internacional, caso se confirme origem estrangeira da mercadoria.

A rodovia MS-164 é um dos principais corredores de tráfego na região de fronteira de Mato Grosso do Sul, ligando Ponta Porã a outros municípios do estado e ao Paraguai. O trecho em que ocorreu a abordagem é frequentemente utilizado como rota alternativa para transporte de mercadorias ilícitas, segundo relatórios do DOF. Por esse motivo, bloqueios móveis e fiscalizações de rotina são mantidos em horários variados, concentrando efetivo policial para inibir o fluxo de cargas irregulares.

Após o encaminhamento para a Polícia Federal, o motorista permaneceu à disposição da autoridade de plantão para esclarecimentos sobre a procedência, o destino final e os supostos compradores do carregamento. Dependendo da investigação, ele pode responder pelos crimes de descaminho, transporte de mercadoria proibida e, eventualmente, associação criminosa, caso existam indícios de participação em rede organizada. A legislação prevê penas que variam de detenção a reclusão, além de multa.

O DOF reforça que mantém um canal permanente com a população para recebimento de informações sobre atividades suspeitas na região de fronteira. Denúncias podem ser encaminhadas gratuitamente pelo telefone 0800-647-6300, que funciona 24 horas por dia. A corporação afirma que a colaboração da sociedade é fundamental para ampliar a eficácia das ações de fiscalização e combater o transporte de mercadorias ilegais em rodovias estaduais e federais.

Até o momento, não foi divulgada a identidade do condutor, nem há confirmação sobre a origem exata do cabelo apreendido. As investigações prosseguem na Delegacia da Polícia Federal de Ponta Porã, responsável pelos próximos passos, como perícia do material e coleta de depoimentos.

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