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Servidores da UFGD e do HU-UFGD cruzam os braços por 48 horas para exigir cumprimento de acordo salarial

Servidores técnico-administrativos da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e do Hospital Universitário da instituição interrompem as atividades nesta segunda-feira (4) e terça-feira (5) em adesão a uma paralisação nacional de 48 horas. A mobilização pretende pressionar o governo federal a respeitar o acordo firmado durante a greve de 2024 e, ao mesmo tempo, manifestar contrariedade à proposta de Reforma Administrativa.

A categoria integra um contingente de aproximadamente 200 mil trabalhadores de universidades e institutos federais em todo o país. Sob coordenação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Instituições Federais (Sintef), o movimento foi aprovado em assembleia extraordinária realizada em 25 de novembro e, segundo a entidade, ocorre de forma articulada em diversos estados.

O acordo que encerrou a greve deste ano previa medidas para recompor perdas acumuladas desde 2016. De acordo com o Sintef, a categoria ficou, em média, nove anos sem aumento salarial, resultando em defasagem estimada em 30% em relação à inflação do período. Em 2023, os servidores obtiveram reajuste de 9% e receberam a promessa de acréscimo de 5% em 2024, percentual considerado insuficiente para recuperar o poder de compra.

Além da reposição salarial, dois pontos centrais motivam a paralisação: a regulamentação da jornada de 30 horas semanais e o reconhecimento dos saberes e competências. Esse último item permitiria ganhos remuneratórios a trabalhadores que, mesmo sem pós-graduação, acumulam formação ou experiência relevante. De acordo com o Sintef, o governo sinalizou resistência em concretizar essas medidas, o que levou a categoria a retomar a mobilização.

Impacto na UFGD

Em Dourados, a paralisação atinge principalmente os setores administrativos da universidade. Secretarias de cursos de graduação e pós-graduação, pró-reitorias e demais áreas de suporte técnico suspendem o atendimento ao público durante os dois dias. A expectativa do sindicato é de adesão ampla, afetando atividades como protocolos de documentos, emissão de certificados, matrículas e serviços de apoio acadêmico.

Serviços no Hospital Universitário

O Hospital Universitário da UFGD mantém apenas os atendimentos considerados essenciais. Cerca de 30% do quadro de servidores técnico-administrativos permanece em escala mínima para garantir funcionamento de setores críticos, como urgência, emergência e enfermarias. Atividades estritamente administrativas, no entanto, operam com equipe reduzida ou ficam temporariamente suspensas. O sindicato ressalta que o objetivo não é paralisar completamente o atendimento à população, mas chamar atenção para a situação dos trabalhadores.

Orientações à comunidade

Alunos, servidores e usuários do hospital são orientados a buscar informações antecipadas sobre horários e procedimentos que eventualmente sofram mudanças durante a paralisação. O Sintef afirma que a comunicação prévia visa evitar deslocamentos desnecessários e garantir que serviços essenciais funcionem sem interrupção. A entidade também argumenta que a compreensão da comunidade sobre as reivindicações é fundamental para fortalecer o movimento.

Reforma Administrativa em debate

A paralisação de 48 horas inclui críticas ao texto da Reforma Administrativa em tramitação no Congresso Nacional. Segundo o sindicato, a proposta ameaça direitos como estabilidade e abre espaço para maior volume de contratações temporárias, fatores que, na avaliação da categoria, podem intensificar a precarização do serviço público. O Sintef sustenta que eventuais mudanças nesse sentido afetariam não apenas os trabalhadores, mas, sobretudo, a população que depende de serviços de saúde, educação e assistência prestados pelo Estado.

Enquanto os setores paralisados permanecem sem atendimento regular até a noite de terça-feira, o sindicato mantém a mobilização em caráter de advertência. A entidade afirma que novas paralisações ou a retomada de greve não estão descartadas, caso o governo não avance no cumprimento dos pontos pendentes do acordo de 2024. Ao final das 48 horas, assembleias locais e nacionais deverão avaliar o resultado da iniciativa e definir os próximos passos da campanha salarial.

Para acompanhar os desdobramentos, o Sintef disponibiliza canais de informação nas unidades da universidade e do hospital. Representantes da categoria reforçam que o diálogo com o governo permanece aberto, mas condicionam a retomada plena das atividades ao atendimento das demandas de recomposição salarial, regulamentação da jornada de trabalho e reconhecimento profissional.

Com a mobilização desta semana, os servidores técnico-administrativos da UFGD e do HU-UFGD se somam a colegas de diversas instituições federais que, em todo o país, realizam atos, assembleias e paralisações parciais. A expectativa da categoria é de que a pressão conjunta resulte na reabertura imediata das negociações e na garantia de que os termos firmados em 2024 sejam integralmente cumpridos.

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