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Endividamento atinge 66,7% das famílias de Campo Grande em novembro, aponta pesquisa

O percentual de famílias endividadas em Campo Grande alcançou 66,7% em novembro, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O patamar é um ponto percentual superior ao verificado em outubro e ao registrado no mesmo mês de 2022, sinalizando retomada da trajetória de alta após relativa estabilidade.

A sondagem mostra que, mesmo com o avanço do endividamento, houve leve recuo na proporção de consumidores com contas em atraso. Em novembro, 29,2% dos entrevistados indicaram estar com pagamentos vencidos, percentual inferior ao observado no mês anterior. O dado sugere pequena melhora na administração das dívidas de curto prazo, ainda que permaneça elevada a exposição das famílias ao crédito.

Em sentido oposto, a parcela de endividados que se declarou sem condições de quitar compromissos subiu para 14,4%. Em outubro, esse indicador estava em 13,6%. O crescimento indica maior pressão sobre o orçamento doméstico de uma fatia dos consumidores, que já admite a impossibilidade de honrar parte dos contratos.

Segundo a economista do Instituto de Pesquisa da Fecomércio MS (IPF-MS), Regiane Dedé de Oliveira, a pesquisa considera endividamento qualquer obrigação financeira parcelada, abrangendo modalidades como cartão de crédito, cheques pré-datados, carnês, empréstimos pessoais, financiamento de veículos, seguros e consórcios. Para a especialista, esse tipo de compromisso é considerado saudável quando se mantém dentro da capacidade de pagamento e contribui para sustentar o fluxo de compras no comércio.

Entre os instrumentos de crédito avaliados, o cartão de crédito segue como o principal responsável pelo comprometimento de renda. A pesquisa revelou que 68% das famílias apontam essa modalidade como origem da dívida. A facilidade de acesso e a possibilidade de parcelar compras em várias prestações continuam ampliando o uso do cartão, apesar dos custos elevados associados a juros rotativos em caso de atraso.

A análise por faixa de renda demonstra diferenças relevantes no perfil de endividamento. No grupo com rendimento mensal de até dez salários mínimos, 20% dos lares mencionaram os carnês como fonte de dívida. Já entre aqueles cuja renda supera esse limite, o percentual recuou para 9,8%. O resultado reflete a preferência das famílias de menor renda por parcelamentos diretamente com o varejo, que costumam oferecer condições mais acessíveis ou dispensam a necessidade de limite no cartão.

Situação oposta aparece nos financiamentos de veículos. Nessa modalidade, 25,5% das famílias de renda mais alta relataram compromissos em aberto, contra 9% entre os domicílios que recebem até dez salários mínimos. O dado sugere maior capacidade de aquisição de bens de maior valor entre consumidores com renda elevada, além de acesso facilitado a linhas de financiamento automotivo.

A PEIC é realizada mensalmente em todas as capitais brasileiras e investiga a percepção das famílias sobre nível de dívidas, atraso de pagamentos e capacidade de quitação. O questionário considera diferentes faixas de renda, permitindo acompanhar a evolução do endividamento e da inadimplência em recortes específicos. Em Campo Grande, a pesquisa inclui uma amostra estatisticamente representativa dos domicílios urbanos.

Os resultados de novembro reforçam a importância do acompanhamento constante do orçamento familiar e da busca por alternativas de crédito mais sustentáveis. Embora a proporção de consumidores com contas em atraso tenha recuado, o aumento no grupo que já admite incapacidade de pagamento indica risco de agravamento da inadimplência se a renda não avançar no mesmo ritmo das obrigações financeiras.

Ao mesmo tempo, a manutenção de índices elevados de endividamento mostra o papel do crédito no estímulo à atividade econômica local. A Fecomércio MS observa que parte significativa das vendas ao consumidor depende de instrumentos parcelados, especialmente no segmento de bens duráveis. Mesmo assim, a entidade ressalta que o equilíbrio entre consumo e capacidade de pagamento permanece essencial para evitar novas pressões sobre o orçamento doméstico.

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