Search

Abate de bovinos avança 7% e sustenta preços firmes do boi gordo em Mato Grosso do Sul

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que os frigoríficos brasileiros abateram 11,23 milhões de cabeças de gado sob inspeção sanitária no terceiro trimestre de 2025. O resultado representa aumento de 7% em comparação com igual período de 2024 e de 6,7% em relação ao segundo trimestre deste ano.

A ampliação do abate se reflete diretamente na produção de carne. No mesmo intervalo, foram obtidas 2,95 milhões de toneladas de carcaças bovinas, volume que supera em 6% o observado um ano antes e em quase 11% o registrado no trimestre imediatamente anterior. Esse crescimento confirma a fase de maior atividade na cadeia da carne bovina.

Exportações mantêm ritmo forte

O movimento de alta é sustentado sobretudo pelo desempenho das exportações. Segundo avaliações de mercado, a fatia destinada ao exterior ultrapassou em 2025 o patamar historicamente citado de 30% da produção total, impulsionada pela abertura de novos mercados e pela atuação de indústrias frigoríficas com forte presença internacional. A receita obtida em moeda estrangeira ajuda a equilibrar custos internos e apoia a rentabilidade do setor.

Para o mercado doméstico, a combinação de volume exportado maior e consumo interno ajustado se traduz em oferta mais controlada de carne. Esse cenário contribui para a manutenção de preços firmes ao longo da cadeia, da indústria ao produtor.

Mato Grosso do Sul registra negociações aquecidas

No mercado físico do boi gordo em Mato Grosso do Sul, a quarta-feira foi marcada por negociações intensas e postura cautelosa dos pecuaristas, que resistem a entregar animais abaixo de suas expectativas de preço. Em Campo Grande, foram relatados negócios pontuais a R$ 332,50 por arroba, nível considerado de topo no Estado.

Levantamento da Scot Consultoria indica que o chamado “boi China” (animal que atende aos requisitos para exportação ao país asiático) é cotado a R$ 325 por arroba em Mato Grosso do Sul, valor equivalente ao praticado em São Paulo. A paridade coloca o Estado em posição competitiva na comparação com as principais praças do país.

Nas regiões monitoradas pela consultoria, as referências permanecem firmes. Em Campo Grande e Três Lagoas, a arroba do boi gordo está em R$ 322 para pagamento a prazo (30 dias) e em R$ 318 à vista. Em Dourados, a base subiu de R$ 324 para R$ 325 no prazo, enquanto o valor à vista alcança R$ 321. Não há diferenciação de preço entre o boi destinado ao mercado interno e o boi com padrão de exportação.

A região sul do Estado apresenta menor disponibilidade de animais terminados, fator que reforça o poder de barganha dos pecuaristas locais. Com menos oferta pronta, os compradores encontram maior dificuldade para preencher escalas de abate, o que contribui para sustentar ou elevar as cotações.

Indústria mantém demanda consistente

Ao mesmo tempo em que a oferta regional de gado pronto é limitada, a indústria trabalha com demanda considerada sólida, amparada tanto pelos embarques ao exterior quanto pelo abastecimento do mercado interno. O alinhamento entre maior abate nacional, exportações firmes e disponibilidade restrita em algumas praças cria um ambiente de preços resistentes a quedas mais acentuadas.

Para o pecuarista sul-mato-grossense, o recado das cotações permanece claro: quem dispõe de lotes de animais terminados segue com maior poder de negociação. Já os frigoríficos buscam ajustar escalas em um momento de maior competição por matéria-prima, cenário que tende a manter o mercado atento à evolução da oferta ao longo das próximas semanas.

No recorte nacional, a combinação de crescimento no número de cabeças abatidas e produção de carcaças, aliada ao ritmo acelerado das exportações, sinaliza que o setor bovino encerra o trimestre com indicadores positivos. Em Mato Grosso do Sul, as cotações firmes mostram a relevância da movimentação internacional e da disponibilidade restrita de animais para definição dos preços locais.