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Cabo solto no Centro de Três Lagoas reacende debate sobre risco de fios abandonados

Um cabo de energia desprendido na rua Oscar Guimarães, área central de Três Lagoas, expôs novamente a falta de manutenção nas redes aéreas e subterrâneas da cidade e colocou em risco quem transitava pelo local na manhã de terça-feira, 2. Embora o fio não estivesse energizado, ficou estendido sobre a calçada e obrigou motoristas e pedestres a redobrarem a atenção, evidenciando a fragilidade da infraestrutura compartilhada por empresas de energia elétrica, telefonia e internet.

Equipes do departamento municipal de trânsito foram chamadas para uma intervenção emergencial. Os agentes removeram o cabo que oferecia perigo imediato e o deixaram enrolado na calçada, onde aguardaria a retirada definitiva pela concessionária responsável pela rede. A medida reduziu o risco de acidentes graves, mas não resolveu o problema de forma permanente, destacando a necessidade de fiscalização e de cumprimento de normas pelas companhias que utilizam a estrutura de postes da cidade.

Enquanto o serviço não era concluído, moradores relatavam transtornos. Segundo uma vizinha que preferiu não se identificar, uma residência onde vive uma idosa de 85 anos ficou sem energia desde as 9h30. “Desligou tudo. A casa inteira está no escuro e ela está sozinha lá dentro”, informou. Após ser acionada, a concessionária de energia comunicou que enviaria uma equipe para restabelecer o fornecimento, sem apresentar previsão de horário.

A ocorrência se soma a uma série de episódios semelhantes registrados em Três Lagoas. Postes repletos de cabos sobrepostos, fios cortados ou simplesmente abandonados fazem parte da paisagem em diferentes bairros. A ausência de padronização para instalação e descarte de materiais antigos dificulta a identificação do proprietário de cada linha e amplia os riscos, sobretudo para motociclistas, ciclistas e idosos, públicos mais vulneráveis a tropeços ou enroscamentos.

Casos recentes reforçam a preocupação. Em 31 de outubro, um jovem de 18 anos sofreu ferimentos ao ter o pescoço laçado por um cabo de internet enquanto conduzia uma motocicleta na avenida Rosário Congro. No mesmo mês, a cuidadora Célia de Fátima Rodrigues Geremias caiu da bicicleta depois que o guidão prendeu em um fio solto na rua Baldomero Leituga. Ambos precisaram de atendimento médico e ilustram o potencial de gravidade de incidentes desse tipo, mesmo quando não há corrente elétrica.

Especialistas em segurança destacam que o contato com cabos aparentes, ainda que desenergizados, pode provocar quedas, cortes, choques e acidentes de trânsito. Segundo técnicos consultados, fios metálicos são condutores em potencial se houver religação inesperada ou curto-circuito, além de oferecerem risco mecânico quando tensionados entre postes e árvores. A recomendação é que a população evite tocar no material e informe imediatamente os serviços de emergência ou a distribuidora responsável.

A legislação federal prevê que concessionárias de energia sejam responsáveis pela gestão do espaço no topo dos postes, inclusive pela fiscalização das empresas de telecomunicações que utilizam a mesma infraestrutura. O Código de Posturas municipal também exige retirada de cabos inativos ou fora de uso. Na prática, porém, a sobreposição de contratos, a falta de registro atualizado e a atuação de prestadores não autorizados dificultam a aplicação das normas. Moradores cobram ações mais efetivas do poder público, como multas e operações de limpeza periódica.

Até o início da tarde de terça-feira, ainda não havia confirmação de quando o cabo solto na rua Oscar Guimarães seria definitivamente removido nem informações sobre o restabelecimento da energia na residência atingida. A situação deixa evidente a necessidade de integração entre Prefeitura, concessionária e empresas de telecomunicação para mapear pontos críticos, estabelecer cronogramas de manutenção e garantir a segurança de quem circula diariamente pelas ruas de Três Lagoas.

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