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Crime por ciúme resulta no 39º feminicídio de 2025 em Mato Grosso do Sul

O assassinato de Aline Barreto da Silva, 33 anos, na madrugada de domingo (14) em Ribas do Rio Pardo, representa o 39º feminicídio contabilizado em Mato Grosso do Sul em 2025. De acordo com a Polícia Civil, o crime foi motivado por ciúme e ocorreu dentro de um contexto de violência doméstica. Aline foi atingida por golpes de faca desferidos pelo ex-marido, Marcelo Augusto Vinciguerra, 31 anos, e não resistiu aos ferimentos após ser levada a um hospital da região.

Segundo as informações reunidas na investigação, o ataque aconteceu em horário ainda não precisado pelas autoridades, mas confirmado como ocorrido nas primeiras horas do dia 14. Aline recebeu atendimento imediato de uma equipe de socorro e foi encaminhada a uma unidade de saúde local. Apesar dos esforços médicos, a gravidade das lesões provocadas pela arma branca impediu a recuperação da vítima, que teve o óbito declarado pouco tempo depois da entrada no hospital.

A apuração do caso está a cargo da Delegacia de Polícia Civil de Ribas do Rio Pardo, conduzida pelo delegado Felipe Braga de Ribas. As diligências iniciais indicam que o principal fator por trás do feminicídio foi o ciúme nutrido pelo autor em relação à ex-companheira. Além desse elemento, os investigadores constataram a existência de um histórico prolongado de conflitos e agressões, caracterizando um relacionamento marcado por episódios recorrentes de violência familiar.

O casal viveu junto por aproximadamente 12 anos e se separou há quatro. Documentos da polícia mostram que, em abril deste ano, Aline solicitou e obteve uma medida protetiva de urgência contra Marcelo, recurso previsto na Lei Maria da Penha para mulheres em situação de risco. Apesar da decisão judicial, os dois voltaram a manter contato cerca de dois meses depois. As conversas evoluíram para uma reconciliação que durou aproximadamente um mês, período em que, conforme relataram testemunhas, as discussões passaram a ocorrer com frequência crescente.

Em meio a essas desavenças, a tensão culminou no ataque com faca que resultou na morte de Aline. Após o crime, equipes da Polícia Militar localizaram Marcelo nas proximidades e efetuaram a prisão em flagrante. O suspeito foi conduzido à Delegacia de Polícia Civil, onde permanece à disposição da Justiça. Ele deverá responder pelo crime de feminicídio, agravado pelo fato de ter sido praticado em ambiente doméstico e por motivos de gênero, nos termos da legislação brasileira.

Com o registro deste caso, o número de feminicídios em Mato Grosso do Sul em 2025 chega a 39, posicionando o ano como o terceiro mais violento no estado desde a sanção da Lei do Feminicídio, em 2015. O índice só é inferior aos contabilizados em 2020, com 40 ocorrências, e em 2022, quando houve 44 mortes. Os dados mantêm o estado em alerta sobre a necessidade de políticas de prevenção e de fortalecimento das redes de proteção às mulheres.

A classificação de feminicídio abrange crimes letais contra mulheres motivados por menosprezo ou discriminação de gênero, além daqueles cometidos em contexto de violência doméstica ou familiar. A legislação prevê penas mais severas para esse tipo de homicídio, com reclusão de 12 a 30 anos, podendo haver agravantes conforme as circunstâncias. O processo contra Marcelo Augusto Vinciguerra seguirá os trâmites judiciais, enquanto a Polícia Civil continua a reunir elementos que reforcem a materialidade e a autoria do delito.

As autoridades lembram que medidas protetivas, denúncia de ameaças e busca de apoio em serviços especializados integram os instrumentos disponíveis para tentar evitar que situações de violência doméstica evoluam para casos fatais. No entanto, o avanço das estatísticas evidencia a persistência do problema e reforça a importância de atuação articulada entre órgãos de segurança pública, Judiciário, Ministério Público, assistência social e sociedade civil para reduzir novos episódios de feminicídio no estado.

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