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Depoimentos indicam que um ar-condicionado pegou fogo dois dias antes de incêndio no CT do Flamengo

Mais de um mês depois do incêndio no Ninho do Urubu, que vitimou 10 jovens das categorias de base do Flamengo, surge uma informação importante para o andamento da investigação. De acordo com depoimentos dados à polícia e obtidos pela reportagem do Globoesporte.com, um ar-condicionado do alojamento que os meninos dormiam teve um curto-circuito e pegou fogo dois dias antes da tragédia.

Ainda conforme o site de notícias, entre funcionários, prestadores de serviço e sobreviventes, 45 pessoas já foram ouvidas pelas autoridades na intenção de entender as causas do acidente. Uma delas é Adalberto Lourenço. O monitor que trabalha no Ninho do Urubu revelou que operários que trabalhavam na obra do CT 2 gritaram dizendo que um ar-condicionado do alojamento estaria pegando fogo. Adalberto foi ao local, desligou a chave-geral e depois conseguiu identificar qual era o aparelho queimado.

A manutenção dos ar-condicionados era de responsabilidade da Colman – Serviço de Refrigeração, empresa que funciona dentro da sede do clube, na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro. O dono da empresa é Edson Colman, que há 28 anos presta serviços para o Flamengo.

Em seu depoimento, Colman diz que esteve no Ninho no fim de janeiro para uma manutenção de rotina e retirou dois aparelhos para uma revisão mais detalhada, mas não trocou nenhuma peça e os reinstalou. Um desses aparelhos foi o que pegou fogo no dia seis, dois dias antes da tragédia, mas que tinha sido controlado. Colman foi chamado no próprio dia seis e para restabelecer o funcionamento do aparelho fez uma emenda de reparou com fita isolante.

Segundo a perícia, o incêndio começou no ar-condicionado do quarto seis, onde todos os meninos que dormiam conseguiram escapar. Depois, um curto-circuito no quarto de número 4 teria gerado um segundo foco de incêndio. Os cinco garotos que dormiam lá morreram.
O fogo se espalhou desses dois focos para o resto do módulo habitacional, provocando mais cinco vítimas fatais.

Ainda de acordo com a perícia, o ar-condicionado que teria pegado fogo dois dias antes seria o do quarto 3 – ou seja, um aparelho diferente dos que causaram a tragédia.

Outro fato revelado em depoimento foi dito pela assistente social do clube, Gabriela Maia. Funcionária do Flamengo desde setembro de 2017, ela afirmou para a polícia que não tinha nenhuma informação sobre a utilização daqueles módulos habitáveis como alojamento.

O inquérito que vai apontar as causas e os prováveis culpados pelo incêndio e pelas mortes teve o prazo inicial de 30 dias prorrogado por mais 60. Segundo o especialista em direito criminal Ricardo Sidi, tanto Edson Colman, responsável pela manutenção dos aparelhos de ar-condicionado, como representantes do Flamengo podem ser responsabilizados criminalmente.

A reportagem entrou em contato com Bernardo Monteiro, diretor de comunicação do Flamengo, que disse que o clube só iria se manifestar após a exibição da matéria no Esporte Espetacular. Edson Colman também foi procurado, mas informou por meio de sua advogada que não iria se manifestar.

A resposta do Flamengo em nota oficial

Com relação à matéria veiculada no programa Esporte Espetacular, da Rede Globo de Televisão deste domingo, o Clube de Regatas do Flamengo esclarece:
1. Dois dias antes da tragédia ocorrida dia 8 de fevereiro no Ninho do Urubu, um dos aparelhos de ar condicionado do módulo habitacional apresentou defeito.
2. Imediatamente após o problema ter sido detectado, foi chamada a empresa de manutenção, que retirou o equipamento, fez o devido reparo, colocou o aparelho de ar condicionado em teste durante mais de 4 horas e liberou o equipamento para uso.
3. A empresa de manutenção, Collman Refrigeração Ltda, é fornecedora contratada pelo Flamengo há mais de 28 anos, sem nunca ter apresentado qualquer problema na prestação dos seus serviços durante este longo período contratual.
4. O Flamengo reafirma que, além de dar todo o suporte às famílias, tem como prioridade colaborar no esclarecimento de todos os pontos desta tragédia, a maior do Clube em seus 123 anos.
Para isto, não medimos esforços no apoio ao trabalho dos Bombeiros e da Polícia. Ao nosso ver são eles, e não pessoas que não possuem todas as informações necessárias para uma análise responsável, que com amplo conhecimento técnico poderão efetivamente dizer o que ocorreu.

(*) Com informações do Globoesporte.com