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Linhagem africana do Zika é descoberta no Brasil e pode ser nova epidemia

Pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) da Fiocruz Bahia anunciaram a descoberta de uma nova linhagem do vírus da zika circulando no Brasil.

Através de ferramenta que monitora as sequências genéticas do vírus, os cientistas detectaram, pela primeira vez no país, um tipo de origem africana, com potencial de originar uma nova epidemia deste tipo de arbovirose.

O estudo foi publicado, no início de junho, no periódico “International Journal of Infectious Diseases” e a cepa de origem africana circulou no ano passado no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul.

A nova linhagem do zika no país foi identificada por uma ferramenta de monitoramento genético desenvolvida por pesquisadores brasileiros, vinculados ao Cidacs e ao Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia); à Faculdade de Tecnologia e Cie?ncias (FTC); à Universidade Salvador (Unifacs) e à Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). A ferramenta analisou 248 sequências brasileiras submetidas à base de dados desde 2015.

Um dos autores do estudo da Cidacs da Fiocruz Bahia, José Kasprzykowski,  explicou o vírus.” O vírus da zika tem diversos tipos regionais e duas linhagens genômicas, o que implica em patogêneses distintas. De 2015 a 2018, o zika brasileiro apresentava 100% de suas características da linhagem asiática. Porém, a partir de 2019, observamos amostras da linhagem africana, com características e consequências ainda desconhecidas. Isso não causaria a repetição de uma epidemia que já aconteceu, mas a reentrada do vírus”.

Pela distância geográfica dos dois estados, um localizado no Sul e outro no Sudeste do país, e a diferença de hospedeiros, os cientistas acreditam que essa linhagem já possa estar circulando no país há algum tempo. E que ela tem potencial epidêmico.

Com as atenções voltadas para o Coronavírus, estudo alerta para não esquecermos de doenças costumeiras. “As medidas de prevenção têm que ser adaptadas à nova realidade, com campanhas e conscientização , afirma  Kasprzykowski.

Por conta do ineditismo dessa linhagem recém-descoberta do zika em território brasileiro, os cientistas também acreditam que a maior parte da população não tem anticorpos para o novo vírus. Ainda não existe, no entanto, um estudo de proteção cruzada que possa afirmar que quem já contraiu o zika vírus estaria imunizado, neste momento.

A população brasileira ainda sofre com as consequências da última epidemia de zika, que desde 2015 gerou o nascimento de 3.534 bebês com Síndrome Congênita da Zika (SCZ).

De acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, publicado este mês, entretanto, das principais arboviroses que assolam o país, a zika tem sido a com menor número de casos em 2020: foram notificados 3.692 casos prováveis, 47.105 casos prováveis de chikungunya e 823.738 casos prováveis de dengue.

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