A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul apreendeu diversas munições na casa de um homem investigado por perseguição à ex-companheira em Campo Grande. A ação ocorreu na manhã desta terça-feira (2), durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão expedido pela Justiça a pedido da 1ª Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (1ª DEAM). Segundo a corporação, a medida foi motivada por relatos de violência psicológica, ameaças e possível acesso do suspeito a armas de fogo após o término do relacionamento.
De acordo com as informações reunidas pela delegacia especializada, o casal manteve um relacionamento por aproximadamente um ano, encerrado há cerca de dois meses. Desde então, a vítima afirmou ter passado a sofrer uma série de condutas que caracterizam perseguição. Ela relatou que o investigado aparecia de madrugada em frente à sua residência, chamando-a insistentemente no portão, e que se deslocava até o local de trabalho dela em horários aleatórios. Também há registro de mensagens enviadas a colegas da mulher, bem como de transferências bancárias com valores simbólicos acompanhadas de ofensas, o que reforçou o cenário de constrangimento e medo.
A preocupação da vítima aumentou quando ela informou às autoridades que o ex-companheiro teria fácil acesso a armas de fogo. Diante desse contexto, a equipe da 1ª DEAM solicitou o mandado de busca com o objetivo de localizar eventuais armamentos ou munições que pudessem representar risco iminente à integridade física dela. O pedido foi deferido e cumprido nesta terça-feira na residência do investigado, localizada no bairro Vila Margarida, região urbana da capital sul-mato-grossense.
No momento da diligência, os policiais foram recebidos pela mãe do suspeito. Durante as buscas, agentes da Seção de Investigações Gerais localizaram 90 cartuchos calibre 12 ocultos no interior da churrasqueira do apartamento. Em outros pontos do imóvel, foram encontradas munições de diferentes calibres: .22 curto, .22 longo, .32 e .38. Todo o material foi recolhido e encaminhado para a unidade policial responsável pelo inquérito, onde passará por perícia. O homem investigado não se encontrava no local e, até a conclusão da operação, não havia sido localizado.
A apreensão das munições reforçou a linha de investigação sobre o risco potencial envolvido no caso. Conforme a delegada responsável, a posse de grande quantidade de cartuchos, somada às ameaças relatadas, evidencia a necessidade de medidas protetivas para salvaguardar a vítima. A 1ª DEAM informou que novas providências estão em andamento para garantir a segurança da mulher, incluindo a análise de afastamento do investigado de qualquer contato presencial ou virtual, além do monitoramento de possíveis locais onde ele possa se esconder.
O inquérito apura crimes previstos na Lei Maria da Penha, que abrange não apenas a violência física, mas também psicológica, moral e patrimonial. A prática de perseguição, prevista no Código Penal, pode resultar em pena de reclusão quando configurada a intenção de perturbar ou ameaçar a liberdade da vítima. No caso em questão, a polícia avalia os elementos colhidos para definir se, além do assédio, houve porte ou posse irregular de munição e eventual contravenção de porte de arma de fogo, o que pode ampliar o conjunto de acusações.
Além das questões criminais, a Polícia Civil trabalha para garantir o acompanhamento psicossocial da vítima, medida considerada necessária para casos de violência doméstica e familiar. A delegacia especializada também orienta que qualquer nova tentativa de contato ou ameaça seja registrada de imediato, a fim de subsidiar o inquérito e fortalecer o pedido de medidas protetivas perante o Judiciário.
Até o momento, a identificação exata da origem das munições apreendidas ainda não foi esclarecida. Os peritos vão verificar a procedência dos cartuchos, se pertencem a lotes oficiais ou se foram adquiridos de forma irregular. A apuração prossegue na 1ª DEAM, que mantém as diligências para localizar o suspeito, ouvi-lo em depoimento e esclarecer todas as circunstâncias relacionadas às ameaças, ao possível acesso a armas de fogo e à perseguição denunciada pela ex-companheira.








