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Papy ressalta intensificação da fiscalização e abertura ao debate na Câmara de Campo Grande em meio a crises

O presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, vereador Epaminondas Neto, o Papy (PSDB), afirmou que o principal desafio de sua gestão tem sido assegurar o funcionamento do Legislativo sem restringir o debate, mesmo diante de divergências profundas entre os parlamentares. A avaliação foi feita na quarta-feira (17), durante entrevista concedida ao podcast do Grupo RCN de Comunicação.

Com 38 anos e no terceiro mandato consecutivo, Papy conduz uma composição marcada pela presença de ex-prefeito, ex-deputados estaduais e representantes de correntes ideológicas opostas. Segundo o parlamentar, a pluralidade exige tempo e organização para que todos os posicionamentos sejam ouvidos. “Há grande demanda por espaço de fala, e o nosso papel é garantir que a discussão ocorra”, resumiu.

Espaço para pautas diversas

Para acomodar interesses tão distintos, a Mesa Diretora adotou a estratégia de abrir a agenda para temas variados, inclusive os considerados sensíveis. Ao longo do ano, o plenário recebeu desde sessões solenes em homenagem ao movimento LGBTQIA+ até eventos promovidos por grupos religiosos de perfil conservador. Papy argumenta que o Legislativo não deve filtrar assuntos, pois “a Câmara é a casa da população e a população é diversa”.

Orçamento de 2026 e recorde de emendas

O momento de maior tensão registrado no plenário ocorreu durante a análise da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026. O projeto recebeu mais de 700 emendas — número classificado como recorde pela Presidência — e foi alvo de críticas dirigidas ao Executivo municipal, acusado por vereadores de subestimar a previsão de arrecadação. Mesmo com o embate, a proposta passou pelo crivo da maioria. Papy ressaltou que o orçamento “pertence à sociedade, não à prefeita nem aos vereadores”, argumento utilizado para justificar o esforço de votação.

Reestruturação administrativa e economia de R$ 9 milhões

Nos bastidores, a Casa promoveu corte de cargos comissionados, revisão de contratos e reorganização de setores administrativos. As medidas possibilitaram a antecipação da devolução de R$ 9 milhões do duodécimo ao Tesouro municipal. De acordo com o presidente, os recursos ajudaram a prefeitura a agilizar o serviço de tapa-buracos depois das chuvas que atingiram Campo Grande em 2025.

Crise do transporte coletivo e instalação de CPI

Outro ponto de atrito entre Legislativo, Executivo e concessionárias foi o transporte público. Pela primeira vez, vereadores instalaram uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o sistema, concluindo que houve falhas tanto por parte do consórcio responsável pela operação quanto da própria administração municipal. Na sequência, uma greve de motoristas às vésperas do Natal agravou a situação. Papy cobrou do Poder Executivo sensibilidade para evitar que “a conta recaia sobre os usuários”.

Saúde sob questionamentos

O setor de saúde, responsável por reclamações frequentes de moradores, também esteve na pauta do Legislativo. Na avaliação do presidente da Câmara, o problema não decorre de falta de repasses financeiros e, sim, de deficiências de gestão. Ele informou que o Parlamento já discute mecanismos adicionais de fiscalização sobre a aplicação dos recursos na área.

Perspectiva para o ano eleitoral

Com a aproximação de 2026, ano de eleições municipais, Papy pretende blindar o Legislativo contra o clima de polarização que costuma se intensificar em períodos de campanha. “O debate é saudável; o excesso, não”, declarou. Entre críticas pontuais ao Executivo, votações acirradas e alianças temporárias, o presidente afirma que o papel da Câmara é fiscalizar, propor soluções e representar interesses diversos, mesmo que isso “às vezes cause desconforto” aos demais atores políticos.

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