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Preço da arroba do boi sobe mais de 40% em MS, mas cenário ainda é de cautela

Foto: Famasul

Mesmo com a valorização da arroba do boi e o preço do bezerro em Mato Grosso do Sul, o mercado pecuário ainda exige cautela. O elevado custo com insumos e o valor da reposição pressionam a margem do produtor e dificultam a consolidação de um novo ciclo de alta na atividade.

Conforme dados divulgados no Sigabov, durante o mês de março foi possível observar a diminuição da escala de abate no estado de MS (Gráfico 1). A escala é um termômetro de como está a oferta de animais ao abate, isto é, quando está curta é sinal de redução de oferta. Dessa forma, há um natural aumento no preço pago pela arroba, como forma de alongar a escala de abate por parte dos frigoríficos.

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Gráfico 1. Média do valor bruto da arroba do boi, duração da escala de abate e média móvel da escala de abate no estado de MS.

Nos últimos 12 meses o maior valor da arroba foi em novembro/2024, R$ 319,67, sendo 42% superior a novembro de 2023. Em março/2025 o valor de R$ 294,18/@ foi 36% superior ao valor de março de 2024. Nos primeiros dias de abril de 2025, o valor chegou a R$ 311,10/@, o que representa alta de 43% em relação a abril de 2024.

Custos em alta freiam avanço da margem

A elevação no preço de insumos, especialmente o milho – que subiu 13% apenas em março – pressiona os custos de produção. Em sistemas de engorda, esse item representa entre 10% e 25% do total do custo. A relação de troca entre arroba e milho, que nos últimos 12 meses permitia adquirir 4,65 sacas por arroba, caiu, reduzindo o poder de compra do pecuarista.

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Gráfico 2. Relação de troca, sacas de milho compradas com a venda de uma arroba de boi gordo em Mato Grosso do Sul.

Além disso, o alto valor dos animais de reposição também afeta o sistema de recria e engorda. Segundo dados do painel Campo Futuro do MS, o produtor especializado em recria e engorda possui entre 50 e 63% do seu custo relacionado a reposição de animais, quando o preço dos animais de reposição está elevado, como é o caso do ano de 2025, a elevação da arroba do boi gordo pode não ser suficiente para aumentar a margem de lucro do produtor.

O bezerro, por sua vez, apresentou valorização de 31% entre abril de 2024 e abril de 2025. O preço de bezerro ao longo desses últimos dez anos (2015 a2025) apresentou crescimento anual de 7%. O ápice do valor ocorreu em abril de 2021 (período pandêmico) em que a valorização chegou a 70% entre 04/2020 e 04/2021. Nos anos que sucederam 2021 (04/2022, 04/2023 e 04/2024) houve queda, de ano para o outro, de aproximadamente 13%. Em 2025 a valorização já alcançou 31% entre 04/2024 e 05/2025.

A redução na oferta de bezerros tende a se acentuar até 2026, o que, aliado à demanda aquecida por reposição, sustenta os preços em alta no curto e médio prazo.

Exportações ajudam a sustentar o mercado

Mato Grosso do Sul exporta, em média, 22% da carne bovina produzida. No primeiro trimestre de 2025, foram abatidos 1.082.954 animais, um crescimento de 9% em relação a 2024 e 19% acima da média dos últimos cinco anos.

Embora os preços estejam em alta, o cenário ainda requer cautela. Fatores como a guerra tarifária entre Estados Unidos e China, variações climáticas e novas exigências ambientais por parte da União Europeia podem trazer volatilidade ao mercado. Por outro lado, o Brasil pode se beneficiar de possíveis redirecionamentos de compras internacionais, consolidando-se como fornecedor estratégico.

Para mais informações, acesse o boletim técnico da bovinocultura de corte, disponível no site da Famasul: https://portal.sistemafamasul.com.br/sites/default/files/boletimcasapdf/BOLETIM%20SIGABOV%20Ed.%2058%20-%20Abril%202025.pdf