Os contratos futuros do milho registraram queda na B3 na quarta-feira (12), refletindo um movimento de ajustamento que acompanha parcialmente a trajetória observada na Bolsa de Chicago. A correção reforça a sensibilidade do cereal às oscilações do mercado internacional e adiciona cautela às decisões de venda dos produtores.
Enquanto isso, a variação cambial trouxe elementos adicionais à formação de preços. O dólar chegou à mínima de R$ 5,26 no decorrer do dia, mas encerrou o pregão em R$ 5,29. Empresas com compromissos externos aproveitaram a cotação mais baixa para comprar a moeda, elevando a demanda momentânea. Para os exportadores de milho, contudo, a desvalorização do dólar reduz a receita em reais por saca, fator que tende a segurar a oferta no mercado interno.
Plantio da safra verão atinge quase metade da área prevista
No campo, o ritmo do plantio de milho de primeira safra segue firme. Dados consolidados apontam 47,7% da área nacional já semeada, avanço de cinco pontos percentuais em relação à semana anterior. O cultivo mais adiantado aumenta a atenção às tendências de mercado, já que custos elevados de produção exigem maior precisão na hora de travar preços ou negociar contratos futuros.
Em Mato Grosso do Sul, os preços regionais ilustram um cenário fragmentado. Em São Gabriel do Oeste, a saca de 60 quilos foi cotada a R$ 52,52, alta diária de 0,21%. Chapadão do Sul registrou R$ 52,54, com recuo de 0,49%. Em Maracaju, o valor subiu 1% e alcançou R$ 54,12. Já em Dourados, o preço ficou em R$ 56,33, queda de R$ 0,17 no mesmo período. As variações indicam que cada praça reage de forma distinta à combinação de oferta local, demanda industrial e custos logísticos.
Frete rodoviário recua pelo terceiro mês seguido
A logística desempenha papel determinante na equação de custos da cadeia de grãos. Levantamento da plataforma Repom mostra que o valor médio do frete rodoviário caiu pelo terceiro mês consecutivo, passando de R$ 7,25 por quilômetro rodado em setembro para R$ 7,23 em outubro, redução de 0,28%. Embora pequena, a retração representa alívio em um cenário de margens pressionadas, especialmente para produtores situados a longas distâncias dos portos ou das indústrias consumidoras.
Esse recuo ocorre após meses de forte volatilidade nos preços do transporte, influenciada por alta do diesel, disponibilidade de caminhões e sazonalidade da colheita de outras culturas. Para o agricultor, cada centavo de economia no frete pode compensar parte da perda derivada de preços mais baixos na bolsa ou da valorização do real frente ao dólar.
Interação entre bolsa, câmbio e logística define o ritmo dos negócios
A conjunção de três fatores — mercado futuro, taxa de câmbio e custo de transporte — determina a disposição de venda, o volume negociado e a velocidade dos fechamentos de contrato. Com o preço do milho recuando na B3 e o dólar em patamar menor, produtores tendem a postergar novas negociações à espera de condições mais favoráveis. Ao mesmo tempo, tradings e cooperativas analisam a relação de troca para decidir se ampliam ou reduzem ofertas de compra.
Para agentes ligados à exportação, a queda na cotação da moeda norte-americana diminui a competitividade do milho brasileiro no exterior. Isso pode impactar o fluxo de embarques nos próximos meses, especialmente se a colheita norte-americana, parâmetro global de oferta, mantiver preços internacionais sob pressão.
No mercado interno, indústrias de ração e etanol de milho acompanham de perto o andamento da safra verão. A expectativa de disponibilidade maior a partir do início de 2024 pode conter avanços expressivos de preço, ainda que a dinâmica regional continue heterogênea. Movimentos de alta pontual, como o de Maracaju, refletem ajustes localizados na oferta, enquanto quedas em Chapadão do Sul e Dourados sugerem maior equilíbrio entre estoques e demanda imediata.
Em síntese, o produtor sul-matogrossense enfrenta um cenário de margens apertadas, no qual a decisão de comercializar depende da leitura simultânea de mercado futuro, câmbio e custos logísticos. A continuidade do plantio até a totalidade da área, aliada à terceira retração consecutiva no frete rodoviário, cria espaço para ajustes nas negociações, mas a volatilidade permanece como fator dominante na estratégia comercial de toda a cadeia.








