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Rumor de compra de 5 milhões de toneladas de soja pela China nos EUA altera cotações em Mato Grosso do Sul

O mercado da soja abriu a quinta-feira (13) sob forte atenção de operadores depois de circular, entre corretoras e produtores, a informação de que a China teria adquirido 5 milhões de toneladas de soja dos Estados Unidos em uma única operação. O rumor gerou questionamentos sobre possível redirecionamento de demanda que poderia afetar o Brasil, mas, à medida que o dia avançou, analistas apontaram um cenário mais equilibrado, sem ruptura nas compras chinesas de soja brasileira.

Volume negociado e contexto internacional

Estima-se que o país asiático absorva até 5 milhões de toneladas do grão norte-americano durante a atual janela de competitividade dos Estados Unidos, que colhem a safra exatamente neste período. A projeção é bem inferior às cifras divulgadas pelo governo norte-americano durante a gestão Donald Trump, quando se especulou que as compras pudessem atingir 12 milhões de toneladas até dezembro.

Depois da colheita norte-americana, a atenção costuma se voltar novamente para a soja do Brasil, que entra em plena oferta no início do ano. O movimento anual reforça a leitura de que, mesmo com o lote de 5 milhões de toneladas, a China tende a manter as importações do Brasil. O fluxo comercial, portanto, permanece dividido entre os dois maiores exportadores, com a safra brasileira posicionada para suprir parte da demanda a partir de dezembro.

Impacto específico em Mato Grosso do Sul

No Estado, o calendário de colheita difere ligeiramente da média nacional. As lavouras sul-mato-grossenses, em geral, começam a retirar o grão dos campos entre fevereiro e março, embora áreas semeadas mais cedo possam iniciar a operação em janeiro. Por isso, produtores de Mato Grosso do Sul observam de perto qualquer oscilação internacional, já que o período de venda local coincide com o fim da janela americana e com a retomada das compras chinesas no Brasil.

Variação de preços nas principais praças

Dados da plataforma Grão Direto mostram ajustes pontuais nas cotações estaduais no mesmo dia em que o rumor ganhou força. Entre as principais localidades, algumas registraram queda e outras, alta:

Ponta Porã: saca de 60 kg cotada a R$ 125,69, recuo de 0,06%;

Maracaju: R$ 126,59, baixa de 0,29%;

Chapadão do Sul: R$ 123,90, avanço de 0,18%;

São Gabriel do Oeste: R$ 123,81, alta de 0,23%;

Cidrolândia: R$ 128,23, aumento de 0,62%;

Dourados (apuração Royal Rural): R$ 125,38, campo positivo.

Com variações relativamente estreitas, o mercado estadual continua sustentado, refletindo a combinação de demanda constante e incertezas sobre o ritmo de compras chinesas no curto prazo.

Repercussão entre especialistas

Analistas de grãos ouvidos ao longo do dia destacaram que volumes chineses adquiridos nos EUA não eliminam a necessidade de importações do Brasil. A estratégia de Pequim costuma alinhar preços e disponibilidade de cada origem, aproveitando períodos de maior competitividade. Nesse contexto, o Brasil mantém o status de principal fornecedor no primeiro trimestre de cada ano, quando o ciclo norte-americano já foi parcialmente escoado.

Orientação ao produtor

Para o agricultor de Mato Grosso do Sul, a recomendação predominante é acompanhar os fundamentos do mercado antes de fechar contratos. As cotações atuais, ainda acima de R$ 120 por saca na maior parte das praças, oferecem margens consideradas aceitáveis. Contudo, a evolução do câmbio, o ritmo de embarques dos Estados Unidos e as condições climáticas da safra brasileira podem alterar o quadro nas próximas semanas.

Perspectivas para a safra brasileira

Com o plantio em andamento no Centro-Oeste, a expectativa é de que a nova safra brasileira ganhe força a partir de dezembro, pressionando a oferta interna. Caso os 5 milhões de toneladas efetivamente saiam dos EUA para a China sem surpresas adicionais, o mercado tende a precificar a transição de demanda para o Brasil no início de 2024, equilibrando as cotações. Entretanto, qualquer ajuste no volume comprado ou variação na logística internacional pode gerar movimentos inesperados.

Enquanto isso, produtores de Mato Grosso do Sul equilibram decisões de venda com a necessidade de capitalização para custeio de lavouras. A recomendação de casas de análise segue voltada a negociações graduais, evitando reações baseadas exclusivamente em manchetes. A soja permanece firme no comércio global, e o Estado continua inserido no fluxo de oferta que abastece parte significativa do consumo chinês no primeiro semestre.