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Bicampeã paralímpica do salto em distância conquista ouro na estreia no paraciclismo em Goiânia

A atleta sul-mato-grossense Silvania Costa de Oliveira, 38 anos, iniciou com vitória sua trajetória no paraciclismo. Conhecida pelos dois títulos paralímpicos no salto em distância, a esportista de Três Lagoas ganhou a prova de estrada na categoria Tandem Feminino (WB) na etapa final da Copa Brasil de Paraciclismo de Estrada 2025, disputada no último domingo de novembro, em Goiânia.

No circuito urbano de Alphaville, sob temperatura elevada e forte concorrência, Silvania dividiu a bicicleta adaptada com a ciclista Maria Tereza Müller, responsável pela condução do equipamento. O formato tandem exige coordenação total: a piloto posiciona-se à frente para controlar direção e frenagem, enquanto a paratleta pedala na parte traseira, fornecendo a maior parte da força.

A dupla completou o percurso em 1h01min58s, superando por apenas 0s783 o conjunto formado por Edneusa de Jesus Santos e Carolina Nascimento. A diferença mínima foi definida no sprint final, momento em que as principais competidoras chegaram praticamente lado a lado. O resultado confirmou a medalha de ouro para Silvania e Maria Tereza na prova considerada a mais disputada do dia.

Organizada pela Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC), com supervisão da União Ciclística Internacional (UCI) e apoio do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), a etapa marcou o encerramento do circuito nacional de 2025. Pelotões numerosos enfrentaram mais de uma hora de prova em ritmo elevado, exigindo resistência física, estratégia e sincronia entre piloto e paratleta.

A migração de Silvania do atletismo para o ciclismo começou ainda em 2024, quando ela foi selecionada pelo CPB para realizar testes de adaptação. Após três avaliações, a bicampeã paralímpica recebeu aval da comissão técnica para integrar a equipe de estrada. Em Goiânia, além do ouro na prova de domingo, ela também acumulou uma prata em disputa anterior realizada no sábado.

Segundo a paratleta, trocar a pista de atletismo pelo asfalto representou um processo complexo. A necessidade de aprender técnicas específicas de pedalada, desenvolver entrosamento com a piloto e adaptar a preparação física foram apontadas como principais desafios. Ainda assim, a estreia com pódio duplo reforça o objetivo de longo prazo: competir em Los Angeles 2028 tanto no salto em distância quanto no ciclismo.

O planejamento traçado pelo CPB prevê sequência intensa de treinamentos já a partir do início de 2026. Silvania deve se apresentar ao centro de treinamento paralímpico logo após as festas de fim de ano para um período de concentração voltado ao Parapan de Ciclismo, programado para março. A competição continental servirá como primeiro grande teste internacional da velocista em sua nova modalidade.

Mesmo concentrada no pedal, Silvania não pretende abandonar o salto em distância. A experiência de mais de uma década no atletismo, coroada por ouros paralímpicos no Rio de Janeiro 2016 e em Tóquio 2021, continua presente no cronograma de treinos. A meta é chegar ao ciclo de 2028 apta a disputar medalhas em ambas as provas, ampliando a participação brasileira em duas frentes.

A bicicleta tandem utilizada na Copa Brasil possui quadro estendido para acomodar duas pessoas. A atleta com deficiência visual ocupa o banco traseiro, enquanto a guia, sem deficiência, assume o controle frontal. A comunicação entre as competidoras ocorre durante todo o percurso, especialmente em curvas, trocas de marcha e ataques. Em Goiânia, o calor e as retas longas exigiram acelerações constantes, testando a sincronia instalada nos meses de preparação.

A vitória de Silvania Costa evidencia o crescente intercâmbio entre modalidades dentro do paradesporto brasileiro. O CPB tem incentivado atletas com histórico vitorioso em outras provas a experimentar novas disciplinas, ampliando possibilidades de medalhas e fortalecendo o movimento paralímpico nacional.

Com o ouro em Goiânia já contabilizado no ranking, Silvania encerra a temporada com destaque e mira os compromissos de 2026. O próximo passo será cumprir o cronograma de treinos específicos de ciclismo, sem descuidar dos saltos na caixa de areia. Caso mantenha o ritmo de evolução apresentado na Copa Brasil, ela pode chegar ao Parapan já posicionada entre as principais candidatas ao pódio continental.

Para Três Lagoas, município que acompanha a carreira da atleta desde as primeiras conquistas, o resultado em Goiás reforça a tradição local no paradesporto. A cidade segue como base de apoio, enquanto os treinamentos centralizados em São Paulo complementam a preparação rumo aos desafios internacionais.

A temporada de transição, portanto, termina com o mesmo desfecho que marcou a carreira de Silvania no atletismo: lugar mais alto do pódio. Com metas definidas para os próximos dois anos, a bicampeã paralímpica volta aos treinos já em janeiro para buscar ritmo e entrosamento maiores, consolidando a aposta no ciclismo e mantendo viva a ambição nos saltos.

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