A Bolsa de Valores de São Paulo encerrou o pregão desta quarta-feira, 5 de novembro, com avanço de 1,82%, atingindo 153.447 pontos e cravando o oitavo recorde consecutivo do principal índice de ações do país. No mercado de câmbio, o dólar comercial caiu 0,7% e terminou cotado a R$ 5,36, enquanto o euro recuou 0,63%, para R$ 6,15. A reação positiva ocorreu depois de o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manter a taxa básica de juros em 15% ao ano, decisão amplamente antecipada pelos agentes financeiros.
Desempenho dos papéis de peso sustenta alta
Os ganhos do Ibovespa foram impulsionados, sobretudo, pelas ações da Vale e da Petrobras, que subiram 2,12% cada. Juntas, as duas companhias têm peso significativo na composição do índice e colaboraram para a sequência de máximas históricas registrada nas últimas semanas. Analistas atribuem a boa performance à combinação entre preços internacionais favoráveis das commodities, expectativa de manutenção da demanda global e percepção de menor risco local após sinalização de continuidade da política monetária atual.
A manutenção da Selic foi interpretada como um gesto de prudência do Banco Central diante das incertezas fiscais e do ambiente internacional. Mesmo com indicadores de desaceleração econômica e inflação melhor comportada, parte do mercado avalia que ainda é prematuro iniciar um ciclo de cortes de juros. O comunicado do Copom ressaltou que a trajetória das contas públicas e as condições externas permanecem como fatores de atenção, justificando a postura cautelosa.
Indicadores acumulados em 2025
Com o resultado desta quarta-feira, o Ibovespa acumula alta de 25,29% desde o início do ano, refletindo entradas de capital estrangeiro e melhora na percepção sobre empresas ligadas a exportação. No mesmo período, o dólar registra queda de 13,25% frente ao real, movimento influenciado pela elevação de juros domésticos, maior fluxo comercial e retomada parcial do apetite por moedas de países emergentes.
Movimento externo favorece ativos de risco
No exterior, dados de emprego nos Estados Unidos contribuíram para o desempenho positivo dos mercados. O relatório da Automatic Data Processing (ADP) apontou a criação de 42 mil vagas no setor privado em outubro, superando a expectativa de 28 mil. O resultado foi interpretado como sinal de resiliência do mercado de trabalho, mesmo em meio à paralisação do governo norte-americano, que completa 36 dias e já é a mais longa da história do país.
O impasse orçamentário começou em 1º de outubro, após o Congresso não aprovar a lei de financiamento federal, resultando em suspensão de serviços públicos e atrasos salariais. A ausência de estatísticas oficiais, como o relatório de empregos do Departamento do Trabalho, eleva a incerteza sobre os próximos passos do Federal Reserve. Paralelamente, a Suprema Corte dos Estados Unidos analisa a legalidade das tarifas impostas durante o governo Donald Trump sobre produtos de parceiros comerciais, entre eles o Brasil. A decisão, ainda sem data para ser divulgada, pode redefinir parte da política comercial norte-americana.
Agenda doméstica inclui mudanças no Imposto de Renda
Em Brasília, o Senado aprovou projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para contribuintes com renda mensal de até R$ 5 mil. O texto estabelece também descontos para salários de até R$ 7.350 e segue agora para sanção presidencial. A medida é considerada relevante na estratégia do governo de recompor a renda das famílias e ampliar o consumo, mas ainda não há estimativa oficial do impacto fiscal total.
As discussões sobre orçamento e sustentabilidade das contas públicas permanecem no radar dos investidores, que observam se o aumento de benefícios e renúncias tributárias será compensado por novas receitas ou cortes de gastos. Sinais de equilíbrio fiscal são vistos como condição essencial para eventual redução dos juros básicos no futuro.
Perspectivas para os próximos pregões
Para os próximos dias, operadores acompanham a divulgação de balanços corporativos do terceiro trimestre, a atualização do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e possíveis desdobramentos do cenário político interno. No exterior, seguem no foco a evolução das negociações no Congresso norte-americano para encerrar a paralisação, a publicação de indicadores de inflação ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos e eventuais pronunciamentos de dirigentes do Federal Reserve.
Especialistas avaliam que, enquanto persistir o diferencial de juros favorável e o fluxo de capital estrangeiro, o real tende a permanecer apreciado, embora a volatilidade não esteja descartada em função de eventuais choques externos. Já o Ibovespa pode encontrar novo fôlego caso os resultados corporativos confirmem expectativas de lucro, mas o ambiente segue dependente de sinais sobre o rumo da política fiscal e da economia global.









