Pela segunda vez em uma semana, Campo Grande enfrentou um blecaute que interrompeu o fornecimento de energia em diversos bairros na tarde desta quarta-feira, 5 de novembro. A falta de luz paralisou atividades comerciais, escolas, órgãos públicos e comprometeu serviços de trânsito, obrigando comerciantes a recorrer a papel e caneta para manter o atendimento.
Impacto imediato sobre lojas e serviços
Empresas que dependem de meios eletrônicos para registrar vendas atuaram de forma emergencial. Em uma loja de ração, funcionários mantiveram o contato com clientes por mensagens, mas as vendas foram anotadas manualmente para posterior inclusão no sistema. Situação semelhante ocorreu em um estabelecimento de materiais para casa, onde os códigos dos produtos precisaram ser registrados em blocos de notas enquanto as maquininhas de cartão funcionavam apenas até o fim da bateria.
A impossibilidade de emitir nota fiscal no momento da compra gerou temor de perdas financeiras, uma vez que parte dos consumidores optou por retornar apenas após a normalização da energia. A Associação Comercial e Industrial de Campo Grande afirmou que as interrupções têm causado efeitos diretos na receita do setor, além de riscos adicionais em ramos que dependem de refrigeração, como alimentação e conveniência, nos quais cada hora de paralisação pode resultar em deterioração de produtos.
Sindicato aponta falta de pessoal na concessionária
O Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Energia Elétrica de Mato Grosso do Sul atribuiu a sequência de apagões à carência de profissionais na Energisa, responsável pelo atendimento a 74 municípios. De acordo com a entidade, a concessionária possui 1.400 funcionários próprios e cerca de 2.000 terceirizados, número considerado insuficiente para responder a ocorrências em larga escala. O piso salarial de R$ 1.900 e o volume de serviços terceirizados também foram citados pelo sindicato como fatores que impactam a qualidade do atendimento.
Temporal severo provocou danos na rede
Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indicam que a tempestade desta quarta-feira registrou rajadas de vento de até 78 km/h e acumulou 27,5 milímetros de chuva em 25 minutos. O Corpo de Bombeiros recebeu 86 chamados para queda de árvores e 11 para risco de queda. Houve ainda desabamento de telhado em bairro da região sul, quando chapas de zinco desprenderam-se e atingiram uma residência.
Quedas de árvores ocorreram em diversos pontos da cidade, entre eles Carandá Bosque, Parque dos Poderes e Santa Emília. Na Rua Camoquim, no bairro Santa Emília, um tronco de grande porte destruiu muros, destelhou casas e arrancou a entrada de energia de uma das residências. No Parque do Lageado, barracos da Comunidade Esperança foram destelhados, expondo moradores a perdas materiais.
Bairros afetados e transtornos no trânsito
A interrupção alcançou mais de 25 bairros, incluindo Santa Fé, Vilas Boas, Vivendas do Parque, Monte Castelo, Vila Nasser, Estrela do Sul, Santa Luzia, Jardim Seminário, Maria Aparecida Pedrossian, Panamá, Oliveira III e Parque dos Poderes. Semáforos em vias estratégicas, como a Avenida Mato Grosso e a Rua Paulo Machado, ficaram inoperantes, obrigando motoristas a alternar a passagem de forma informal. Equipes da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) utilizaram nobreaks com autonomia aproximada de quatro horas para reativar parte dos equipamentos.
Atuação da Energisa e orientações de segurança
Em nota, a Energisa informou que atua de forma ininterrupta para restabelecer o serviço, destacando que ventos acima de 100 km/h em diferentes municípios provocaram queda de árvores inteiras sobre a rede, quebra de postes e rompimento de cabos, o que torna os reparos mais complexos. A concessionária reforçou a orientação para que a população mantenha distância de fios caídos e acione os canais oficiais de atendimento em caso de emergência.
A instabilidade no fornecimento de energia, somada à previsão de novos temporais, mantém comerciantes e moradores em alerta. Enquanto as equipes trabalham para recompor a infraestrutura, estabelecimentos avaliam medidas temporárias, como geradores e registros manuais de vendas, para reduzir o impacto de eventuais novos desligamentos.









